Um dos grandes problemas referentes a São Paulo, a maior cidade do país, diz respeito a reciclagem de lixo. Depois de 20 anos de criado, o sistema de coleta seletiva da Prefeitura recicla 3.135 toneladas das 293,9 mil toneladas coletadas mensalmente pelos consórcios Ecourbis e Loga Ambiental - menos de 1% do lixo da capital.
Como noticiado aqui no portal EcoDesenvolvimento em 23 de abril deste ano, uma ordem judicial expedida em primeira instância pelo juiz Luis Fernando Camargo de Barros Vidal, da 3ª Vara da Fazenda Pública, obriga a Prefeitura a implantar a coleta seletiva de lixo em toda a cidade, além de fornecer todo apoio jurídico, administrativo e operacional para a formação de cooperativas de catadores, instalar centrais de triagem de lixo regionalizadas e contratar as próprias cooperativas para fazer o serviço de coleta e reciclagem.
Atualmente, São Paulo consegue reciclar uma média de 280 gramas de lixo por habitante, o que significa que o paulistano manda para a reciclagem um peso equivalente a uma garrafa PET a cada seis dias.
Já a população de Porto Alegre separa para a reciclagem 1,3 quilo por mês (cada habitante), valor quase cinco vezes maior do que o índice de São Paulo. Na capital da Súecia, Estocolmo, onde 25% de todo o lixo é reciclado, cada cidadão recicla 12,4 quilos mensais - 44 vezes a mais do que o paulistano.
"Faltam incentivo e investimento na organização das cooperativas e na capacitação de catadores para que o programa seja ampliado. Nessas duas décadas, a coleta seletiva ainda é algo a que só a classe média paulistana tem acesso. Os municípios precisam encarar a reciclagem como uma política pública fundamental para reduzir os riscos de enchentes e o espaço dos aterros", afirmou ao jornal O Estado de S.Paulo o advogado Fabio Pierdomenico, professor de Direito Ambiental e diretor da Limpurb entre 2002 e 2004.
Investimentos
Segundo reportagem do Estadão, nos últimos três anos, os investimentos em coleta seletiva se mantiveram proporcionalmente estagnados. No primeiro ano como prefeito, em 2006, Gilberto Kassab (DEM) aplicou 1,21% da verba empenhada para a coleta do lixo em reciclagem; em 2009 esse índice foi de 1,14%.
O governo municipal argumenta estar acelerando os investimentos neste ano e aponta que são coletadas diariamente 120 toneladas de lixo reciclável na cidade, o que corresponde a 7% do lixo domiciliar que pode ser triado atualmente. O número corresponde a 0,6% de todo o lixo doméstico produzido no município.
A limitação do programa também preocupa, uma vez que ele atinge somente 6 milhões dos 11 milhões de habitantes da metrópole. "Se o índice (de investimentos) é baixo hoje, imagina no início da gestão. Tem crescido, aumentado, e vai continuar aumentando. Vamos nos esforçar para continuar investindo", prometeu Kassab.
(Ecodesen, 11/05/2010)