No dia 28 de abril, celebrou-se o Dia Nacional da Caatinga. No entanto, pouco se comemorou. O único bioma exclusivamente brasileiro, que abrange dez estados do país, corre o risco de extinção por causa do desmatamento. Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA), até o ano de 2008, a caatinga possuía somente 53,62% da vegetação original.
De acordo com Mauro Pires, diretor do departamento de combate ao desmatamento do MMA, uma das principais causas desse desmatamento está relacionada com o "uso da caatinga para a produção de lenha e carvão vegetal que será utilizado principalmente no polo gesseiro, em pequenas fábricas e siderúrgicas".
Um monitoramento realizado entre 2002 e 2008 pelo MMA e pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) revelou que, entre esses anos, 2% da área da caatinga (que abrange os nove estados nordestinos e Minas Gerais), ou seja, 16.576 km2, foram devastados. Até 2008, 45,39% da vegetação original do bioma já havia sido desmatada.
O estudo destacou ainda que Bahia e Ceará foram os que mais devastaram nesse período. Somente os dois estados desmataram metade do índice registrado em toda a região. As cidades campeãs foram Acopiara e Tauá, ambas no Ceará, com 183 km2 e 173 km2 devastados, respectivamente.
Para ir de encontro a essa realidade, o MMA está elaborando um Plano de Ação Interministerial para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Caatinga (PPCaatinga). A expectativa, segundo o diretor do departamento de combate ao desmatamento do Ministério, é que o Plano comece a ser implementado até o final deste semestre.
De acordo com ele, a intenção é unir esforços do Governo Federal e dos Estaduais para o combate ao desmatamento na região. "Todos têm de contribuir", afirma. Entre as ações que estão sendo discutidas no Plano, Pires destaca o manejo florestal, o uso sustentável dos recursos naturais, a criação de áreas protegidas, a fomentação do ecoturismo, e o investimento na agricultura familiar e em alternativas ao carvão vegetal.
Apesar de ainda estar em fase de elaboração, Mauro Pires ressalta que há ações já em andamento, como é o caso de ações de fiscalização. Prova disso foi a "Operação Corcel Negro" realizada neste ano pelo Ibama juntamente com Polícia Rodoviária Federal para combater a extração, o transporte e o comércio ilegal de carvão vegetal no país.
Outro exemplo é a criação de unidades de preservação, algumas já em fases finais. No entanto, em relação a essas unidades, Pires revela que o governo federal precisa lutar contra a resistência de alguns estados. "Muitos estados são refratários à criação de unidades", desabafa, destacando que muitas vezes não há apoio dos governadores e, em outras, os estados não querem por conta de pressões de determinados grupos econômicos.
(Por Karol Assunção, Adital, 10/05/2010)