"Neste século, temos dois desafios: as mudanças climáticas e o enorme déficit social que criamos nos séculos passados e aumentamos nas últimas décadas", foi o que afirmou o economista Ignacy Sachs durante uma conversa com jornalistas ocorrida em São Paulo. Segundo ele, não devemos nos limitar à ideia de que apenas o Meio Ambiente é a prioridade, já que por trás dele há um enorme problema social.
De acordo com Sachs, todos os impactos que as mudanças climáticas trarão vão recair, principalmente, sobre os mais fracos. "Isso porque os problemas sociais da atualidade são gravíssimos", explica.
O evento teve o objetivo de iniciar uma discussão sobre a Conferência Rio 2012, que acontecerá no Rio de Janeiro em dois anos para marcar as duas décadas da realização da Eco-92. Na opinião do economista, o cenário para a Rio 2012 se apresenta positivo.
"Com a crise que vimos (financeira), o mito do mercado que se auto-regula está em crise. Então, estamos chegando a 2012 com uma situação política mais favorável para se pensar em outras possibilidades, principalmente na área ambiental", disse.
Para ele, é preciso promover encontros preparatórios à conferência. "Os eventos paralelos, ao final, não têm influência sobre o oficial. Para que um fórum paralelo faça sentido, ele tem que acontecer antes, e o Brasil tem um papel fundamental nisso", contou.
Amazônia
De acordo com Sachs, toda discussão presente nos próximos eventos terá que passar pela questão da floresta amazônica. "Houve uma época em que os europeus diziam que a melhor coisa era transformar a Amazônia em um deserto. Isso é um absurdo. A região tem 25 milhões de pessoas. É preciso pensar em uma estratégia de desenvolvimento", relatou.
Melhoria do uso das áreas já desmatadas, valorização da floresta em pé e organização racional da atividade extrativista são algumas das propostas do pesquisador para a conservação da floresta.
(Por Thais Iervolino, Amazonia.org.br, 10/05/2010)