O governo pretende destinar aproximadamente R$ 120 bilhões em crédito para o Plano Agrícola e Pecuário da safra de 2010/2011, de acordo com o ministro da Agricultura, Wagner Rossi. Somente à agricultura empresarial estão previsto cerca de R$ 100 bilhões. Os valores seguem proporções semelhantes aos da safra de 2009/2010, quando foram destinados R$ 93 bilhões para o agronegócio e R$ 15 bilhões para a agricultura familiar.
Para o secretário-geral da Abra (Associação Brasileira de Reforma Agrária), Juca Juliano, a repartição dos recursos desta forma reafirma a opção do governo pela agricultura empresarial.
“Essa proporção de crédito reafirma a opção governamental pelo agronegócio. Existe a pequena e a grande política e a reforma agrária é pequena política. Tanto a pequena produção familiar quanto os assentamentos de reforma agrária consideram a política do governo fraca, pífia.”
Os recursos do governo devem impulsionar às monoculturas de cana-de-açúcar, soja, eucalipto, além da pecuária. Juca critica essa opção.
“Grandes culturas expulsam gente, poluem, etc, [mas] nós estamos caminhando pra isso: eucalipto, cana, pecuária. Ou seja, o Brasil está especializado em produtos de baixo valor agregado. A forma de integração à globalização e aos mercados mundiais é periférica e subalterna. No meu modo de ver, isso reduz muito às perspectivas de um futuro independente.”
Projeções do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram enquanto a produção de soja desta safra deve crescer 19% em comparação a 2009, a produção de arroz recuará quase 9,7%.
(Radioagência NP, MST, 10/05/2010)