O Ministro de Minas e Energia, Marcos Zimmermann, assinou na semana passada, em Curinópolis, no Pará, a portaria de concessão de lavra em Serra Pelada, também no Pará. A mina de ouro, que já foi considerada o maior garimpo do mundo, estava desativada desde 1992. Agora, a exploração será totalmente mecanizada e ficará a cargo da empresa Serra Pelada Companhia de Desenvolvimento Mineral (SPE).
A assinatura da liberação não agradou a todos. Para Etevaldo Arantes, porta-voz do Movimento de Trabalhadores e Garimpeiros na Mineração (MTM), por exemplo, a exploração da mina não beneficiará a categoria garimpeira. Isso porque a companhia que obteve concessão é formada por uma sociedade entre a Cooperativa de Garimpeiros de Serra Pelada (Coomigasp) e a empresa canadense Colossus Minerals Inc.
A Cooperativa, que possui 45 mil garimpeiros associados, possui apenas 25% de participação no negócio. Enquanto isso, a multinacional canadense representa 75% da sociedade. "[A exploração] vai beneficiar exclusivamente à empresa canadense", acredita.
Para o porta-voz do MTM, o atual Governo, "como nos anteriores", deu preferência para as pessoas que têm mais recursos. "A exploração da mina produzirá recursos econômicos que em nada beneficiará a categoria garimpeira", afirma.
Agora, segundo informações do Ministério de Minas e Energia, a atividade passará a ser totalmente mecanizada, sendo a lavra rudimentar restrita apenas a locais remanescentes de rejeitos. Para a exploração, será construída uma mina subterrânea com rampa de acesso de 1.600 metros para a entrada de materiais.
Na opinião de Arantes, essa exploração trará graves consequências para os moradores da comunidade próxima à mina. "Os dejetos químicos [da atividade mineira] recairão para a comunidade", acredita, destacando ainda a falta de audiência pública sobre o assunto no local. "Até houve audiências públicas em outras cidades, mas não dentro da comunidade de Serra Pelada", afirma o integrante do MTM.
(Por Karol Assunção, Adital, 10/05/2010)