Uma série de organizações e movimentos sociais realizaram na Espanha ações, debates, mesas informativas, oficinas, comidas populares, atos culturais e outras atividades, com o lema “Por uma agricultura e uma alimentação livres de transgênicos”. As entidades exigem que o governo espanhol respeite a vontade da maioria da população e tome medidas de precaução para o cultivo de transgênicos.
Os protestos, convocados a partir do dia 12 de abril em Andaluzia, Aragão, Catalunha, Comunidade Valenciana, Euskadi, Extremadura, Galícia, La Rioja e Murcia, terminaram em Madri no dia 17 de abril, em uma manifestação no centro da capital espanhola que reuniu mais de 10.000 pessoas. Contudo, além dos transgênicos, houve espaço para o estudo e discussão de outros temas como as lutas dos camponeses da América Latina e da África.
As atividades discutiram também cultura, a importância da solidariedade internacional, a reforma agrária, soberania alimentar, as políticas agrícolas da União Européia, a atuação das empresas espanholas na América Latina e a criminalização dos movimentos sociais.
O principal espaço que articulou essas discussões foram as duas jornadas internacionais sobre “Movimentos Camponeses e Transformações Agrárias”, promovidas pela Universidade Autônoma e a Universidade Complutense de Madri, onde participaram militantes do MST e da Via Campesina.
Além dessa atividade central, foram realizados encontros e debates sobre o MST e a Via Campesinas em vários bairros e organizações. Trata-se do segundo ano consecutivo que se convoca esse formato de Jornada de Lutas de Abril na Espanha. Isso mostra que também o 17 de Abril vem se consolidando como data de referência para as lutas do campo e da cidade.
Próximas atividade
Sem deixar que baixe a poeira dessa intensa semana, a jornada espanhola vai se prolongar em um particular “Maio Vermelho”, onde mais de uma centena de organizações (não só espanholas, mas também do resto da Europa e inclusive da América Latina), vem preparando uma ampla agenda de atividades para responder à Cúpula Oficial de Chefes de Estado e de Governo da União Européia (UE) e da América Latina e do Caribe (ALC), que será celebrada em Madri a meados de maio.
Entre as principais atividades previstas estão um fórum com oficinas autogestionadas, meios e rádios comunitárias, várias atividades culturais, ações, marchas, uma manifestação estatal e o já tradicional Tribunal Permanente dos Povos (que, de forma simbólica, julgará em Madri a mais de 40 empresas transnacionais).
As atividades foram convocadas por “Enlazando Alternativas”, rede birregional integrada por organizações e movimentos da América Latina e da Europa.
Acontecerá também uma série de debates, ocupações e ações diretas convocadas por “Rompamos o Silêncio”, uma plataforma de movimentos sociais que, baseada na desobediência civil, se reúne uma vez ao ano, desde 1998, em torno a uma semana de luta social onde se busca romper o cerco midiático e tornar visíveis lutas e reivindicações sociais.
Como, por exemplo, as iniciativas de auto-organização dos imigrantes latino-americanos e africanos na Espanha, e as lutas dos “Okupas”, moradores sem teto das cidades cuja principal arma de luta é a ocupação de imóveis.
Em ambos os espaços, o objetivo central é demonstrar a rejeição ao projeto capitalista neoliberal que representa a União Européia e alertar para as conseqüências desse modelo nos países latino-americanos. Para isso, a solidariedade entre os povos e o intercâmbio de experiências entre projetos populares é um dos temas centrais que contagiarão as ruas de Madri durante este mês de maio.
Internacionalizemos a luta! Internacionalizemos a esperança!
(Por Janaina Stronzake e Breno Bringel, MST, 07/05/2010)