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cvrd hidrelétricas no rio tapajós hidrelétrica de belo monte
2010-05-07 | Tatianaf

A Vale admitiu ontem interesse  na Usina Hidroelétrica de Belo Monte, que terá capacidade instalada 11.233MW. Mas a empresa se mostrou ainda mais entusiasmada pelo complexo do rio Tapajós, também no Pará, uma das apostas do governo para a expansão da matriz elétrica.  O presidente da companhia, Roger Agnelli, disse ontem que o interesse por Tapajós vem principalmente da proximidade entre as usinas projetadas e as minas da Vale. “Estamos abertos a estudar projetos hidroelétricos que nos ofereçam retorno e acesso à energia a um preço competitivo”, afirmou .

Os estudos realizados no Tapajós estimam um potencial  de 14 mil MW, dos quais 8,4 mil MW gerados pela  hidroelétricas de São Luis do Tapajós (6.133MW) e Jatobá (2.336MW) já constam no Plano Decenal de Energia 2009-2019, divulgado ontem pelo governo. Outra bacia de destaque é a do Teles Pires, também na Região Norte, com potencial total de até 3,5 mil MW e quatro usinas colocadas no PDE: Teles Pires (1.820MW), Colíder (300MW), São Manoel (746MW) e Sinop (461MW).

“Em 2011,  é a vez das licitações de aproveitamentos dessas duas bacias. E acredito que, com o aprendizado de Belo Monte, elas já saiam ambientalmente mais bem preparadas”, afirmou o presidente da Andrade & Canellas, consultoria especializada em energia, João Carlos Mello, que avalia que as obras no Tapajós têm mais complicações. “É uma zona mais natural, com a floresta mais densa, mais fechada. No Teles Pires já há uma maior penetração humana, já tem estrada, por exemplo.”

O projeto no Tapajós prevê uma construção em forma de plataforma, mais ou menos como é feito no setor petrolífero. Apesar dessa dificuldade adicional, que pesará também no orçamento das obras, haverá otimizações logísticas em razão de Belo Monte. “Dada a proporção gigantesca da Amazônia, até que as usinas são relativamente próximas. Então vai facilitar a movimentação das máquinas, o aproveitamento das linhas de transporte, entre outras coisas”, comentou Mello.

Belo Monte
Roger Agnelli manteve em aberto a entrada da empresa no grupo que construirá Belo Monte. “Se formos convidados, vamos estudar as condições apresentadas. Mas energia nos interessa, sim.” A companhia perdeu a disputa no leilão de duas semanas atrás, quando formou um consórcio com Andrade Gutierrez, Neoenergia e Votorantim.

Agnelli deixou claro que a tarifa de R$ 77,97 por megawatt-hora, lance pelo qual o grupo Norte Energia venceu o certame, é interessante para os projetos da Vale. Porém, na iminência dos empreendedores repassarem a energia num preço mais caro, o executivo lembrou que a Vale acreditava que até um preço de R$ 82,90, patamar que o grupo derrotado lançou, é viável para o retorno do investidor.

Fato é que a demanda de energia é um gargalo importante no crescimento dos negócios da Vale. Enquanto fala sobre a atenção que tem com as usinas do Tapajós, região próxima às plantas mineradoras da companhia, Agnelli critica os valores colocados no País. “Ao custo de energia que se tem hoje, é inviável fazer um novo projeto de alumínio no Brasil”, destacou, lembrando que o grupo tem um pequeno déficit energético entre 2015 e 2016.

Até por isso a Vale anunciou no fim de semana a venda de suas operações de alumínio à  Norsk Hydro, assumindo participação acionária de 22% na empresa norueguesa.

Fundos
Os fundos de pensão Petros e Funcef, respectivamente da Petrobras e Caixa Econômica Federal, fizeram na terça-feira, 4, a primeira reunião técnica com o Norte Energia, consórcio vencedor do leilão de Belo Monte. De acordo com o presidente do Funcef, Guilherme Lacerda, a fundação deve decidir sobre a participação nos próximos dias; o mandatário da Petros, Wagner Pinheiro, também disse estar avaliando a entrada da companhia no negócio.

Assim como a possível adesão da Vale — e de  indústrias como Votorantim, Alcoa, Gerdau, CSN — é aguardada pelo consórcio que construirá a mega-hidroelétrica, a participação dos fundos é praticamente certa, desde a articulação do governo na formatação dos grupos, há quase um mês.

A presença dos representantes do setor industrial, os chamados autoprodutores, é inclusive estratégica, já que eles têm direito a no mínimo 10% da energia gerada pela usina.

(Por Paulo Silva Jr./Agências, DCI, 06/05/2010)


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