Uma possível confusão de informações lançou o Brasil no centro do impasse envolvendo o controverso programa nuclear do Irã.
O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, disse aceitar “em princípio” a proposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que o Brasil sirva como intermediário na troca de urânio pouco enriquecido do Irã por combustível nuclear. A declaração, conforme a agência de notícias Fars, do Irã, teria sido feita em uma conversa de Ahmadinejad com o colega venezuelano Hugo Chávez.
O problema é que o Ministério das Relações Exteriores nega que o governo brasileiro tenha feito sugestão semelhante. Segundo o Itamaraty, as propostas apresentadas pelo ministro Celso Amorim e por Lula envolvem apenas a retomada do diálogo entre o Irã e a comunidade internacional e a não adoção de eventuais sanções contra os iranianos.
– O Brasil não trabalha com a hipótese de ser depositário do urânio do Irã. Há países mais próximos que poderiam assumir essa tarefa, mas isso também vai depender da disposição do Irã – afirmou recentemente o presidente brasileiro.
Ontem, Lula voltou a abordar a questão iraniana. Em um ataque indireto aos Estados Unidos, ele disse que os países que têm armas nucleares não podem fazer cobranças ao Irã. O Planalto afirma que o país dos aiatolás deve ter direito a um programa nuclear pacífico – mas os americanos temem que o objetivo de Teerã seja fabricar a bomba atômica.
(Zero Hora, 06/05/2010)