A combinação de queimadas, desmatamento e emissão de gases causadores do efeito estufa pode reduzir a Amazônia a 50% de seu tamanho original até 2050, ou a 20% até 2025. Esta é uma das conclusões do estudo desenvolvido pelo pesquisador Gilvan Sampaio, do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe), que deve ser publicado ainda neste semestre na revista científica PNAS.
A pesquisa analisa os impactos ambientais decorrentes das mudanças climáticas na vegetação da América do Sul. E a Amazônia possui papel central nessa discussão, porque deve ser um dos principais biomas a sentir os efeitos do aquecimento global. Sujeita a diferentes forças ambientais, como as queimadas e o uso de terra para agricultura, a vegetação da Amazônia ajuda a manter o equilíbrio climatológico em todo o mundo.
A ação do homem pode acelerar o processo de mudança na vegetação da Amazônia, de acordo com Sampaio. "Se a floresta amazônica continuar a diminuir, as regiões Sul e Sudeste do Brasil deverão receber menos umidade. Se diminuem as áreas de preservação ambiental, as terras ficam mais vulneráveis às queimadas. Territórios secos ficam mais secos ainda", diz o pesquisador.
Segundo a pesquisa, o efeito da redução da floresta torna-se mais evidente quando mais de 40% do bioma já estiver desmatado. Os principais impactos do desmatamento no clima da Amazônia ocorreriam nas áreas central e leste da floresta.
O estudo estima que as piores consequências seriam na porção leste, em que existe tendência maior de desmatamento neste século. As mudanças no clima da região incluem aumento da temperatura do ar e diminuição na ocorrência de chuvas.
O estudo também mostra que a floresta amazônica poderia ser substituída aos poucos por savanas tropicais, o que ocorreria após o desmatamento ser superior a 50%, quando acelera a relação entre desmatamento e desertificação do solo. Essa condição teria reflexos em outros biomas, favorecendo a transformação da caatinga do Nordeste em deserto.
(Por Lucas Frasão, Globo Amazônia, 04/05/2010)