O Rio Taquari, nas proximidades do belvedere em Estrela, estava tomado ontem por uma espuma branca. Cerca de 100 litros de sabão líquido de glicerina foi parar nas águas, em decorrência de uma falha humana na Sabão Costa, localizada no leito do Taquari. O químico industrial da empresa Fabiano Salami frisa que a própria organização preocupou-se em avisar os órgãos ambientais responsáveis para que fossem tomadas as medidas cabíveis.
“Quando o sabão, ainda líquido, está pronto para ser formatado, vai para um forno para ser resfriado. Acontece que durante este processo foi esquecido um registro aberto, e o sabão, que deveria ter ido para o forno, acabou levado, pela canalização, para o rio”, explica. As tubulações existentes são destinadas para captar água do rio e devolvê-la ao ambiente após resfriar os equipamentos que fazem este processo dentro da empresa. O líquido, até em razão da turbulência durante a passagem pelas canaletas, gerou uma espuma branca, mas que, conforme Salami, dissipa-se em pouco tempo. “Acreditamos que o impacto visual seja maior do que o ambiental, até porque o sabão é biodegradável”, declara.
O mesmo pensamento foi declarado pelo fiscal do Meio Ambiente da Prefeitura de Estrela, Rafael Luiz Meneghini. “A princípio, não foi nada de mais grave.” A confirmação sairá após análise dos componentes para avaliação dos prejuízos. A empresa foi notificada para comparecer na prefeitura até a próxima semana.
O soldado do 2º Grupo de Policiamento Ambiental (GPA), Dari Júlio Scherer, que registrou a ocorrência, acredita que o volume despejado é insignificante para um impacto de maior volume, e afirma que não houve mortandade de espécies e nem da vegetação.
“Foi estancando logo que detectado o problema.” Como a Sabão Costa está localizada na barranca do rio, qualquer descuido na manipulação dos produtos vai direto para as águas do Taquari. “Este também é um problema, mas quando a empresa foi fundada não existia legislação específica para isso. Mas ela está localizada em Área de Preservação Permanente (APP). Também deveria ter uma estação de tratamento dos efluentes líquidos”, reclama o sargento Anestor José de Moura. Afirma que vai acionar a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), que emitiu a licença, para que seja verificado um rompimento do cano responsável por levar a água ao Taquari.
“A água atinge o solo diretamente na barranca, e acaba gerando impacto. O correto é a empresa refazer toda a estrutura”, afirma. Salami confirma a precariedade em parte da tubulação que leva a água para o rio, mas afirma que está disponível para solucionar os problemas. “Vamos aguardar os trâmites do processo e tomar todas as medidas necessárias.”
A comunicação de ocorrência será encaminhada à Promotoria e à Polícia Civil para identificar a responsabilidade e consequências do acidente.
(Por Carine Schwingel, O Informativo do Vale, 04/05/2010)