A área da mancha de petróleo formada após a explosão da plataforma Deepwater Horizon, no golfo do México, já triplicou de tamanho rapidamente neste sábado (1º), aumentando a tensão entre os especialistas de que o desastre possa ser muito maior do que o estimado há dois dias.
A conclusão dos cientistas chega após o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ter anunciado uma visita ao local nas próximas 48 horas.
Em menos de um dia a mancha aumentou três vezes. Na quinta-feira (29) o óleo tinha uma superfície de 3.000 quilômetros quadrados, e ao fim da sexta-feira a área atingida já era de 9.900 quilômetros quadrados, de acordo com imagens de satélites europeus analisadas pela Universidade de Miami.
"O derramamento está se espalhando e aumentando numa velocidade muito mais rápida do que o estimado", disse neste sábado o diretor executivo do Centro Avançado de Sensoreamento Remoto Tropical do Sudeste, da Universidade de Miami.
Já o professor Ed Overton, da Universidade Estadual da Louisiana, que chefia uma equipe de estudos de derramamento de óleo, disse que as imagens de satélite podem exagerar as estimativas de crescimento da mancha.
A Guarda Costeira americana estima que cerca de 757 mil litros de petróleo estão sendo lançados na costa sul dos EUa todos os dias, o que significa que em torno de seis milhões de litros já tenham sido expelidos desde o acidente de 20 de abril que matou 11 funcionários da plataforma no golfo do México.
Pescadores da região mostram-se dispostos a ajudar e mantêm as embarcações paradas, em outro dia de marés agitadas na costa sul americana.
Documentos iniciais também indicam que a petrolífera British Petroleum (BP) não tinha preparo suficiente para o caso de uma explosão do porte da que ocorreu na plataforma Deepwater Horizon.
Ainda não há estimativas da distância que a mancha poderá atingir, mas até o momento o derramamento já causa danos ambientais às espécies costeiras na região.
Obama
Mais cedo, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou que viajará nas próximas 48 horas para o golfo do México. Não foram divulgados detalhes sobre a hora ou o local da viagem.
O vazamento que Obama deve inspecionar já atingiu a costa da Louisiana, e ameaça a exploração de peixes e camarões na região, assim como áreas pantanosas e a vida selvagem que lá vive, no que pode se tornar o pior desastre ambiental da história dos Estados Unidos.
O governo americano colocou pressão sobre a petrolífera britânica BP, proprietária do poço que provocou o vazamento, e quer que a empresa faça mais para conter a saída de petróleo e a mancha de óleo que se espalha.
Também anunciou o envio de 1,9 mil trabalhadores e 300 barcos e aviões para o local do acidente.
A Guarda Costeira tenta conter o avanço da mancha usando milhares de metros de barreiras absorventes colocadas no mar do Golfo México, mas as marés estão empurrando a barreira para a costa.
A previsão meteorológica para o domingo é de maré alta, o que levanta temores de que o óleo seja empurrado ainda mais para os frágeis ecossistemas da região, onde vivem milhares de espécies marinhas, como tartarugas, golfinhos, baleias e pelicanos.
A plataforma, que pertence à empresa suíça Transocean e estava sendo operada pela BP, explodiu no dia 20 de abril e afundou na quinta-feira seguinte, depois de ficar dois dias em chamas.
Logo após a explosão da plataforma, desapareceram 11 trabalhadores que as autoridades dão por mortos. Na sexta-feira (30), o governo dos EUA decidiu suspender a perfuração de novos poços de petróleo em áreas da costa do país até que sejam concluídas investigações sobre o vazamento.
(Folha Online, 01/05/2010)