O Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) acaba de divulgar os dados consolidados do Prodes, o sistema que mede a taxa oficial de desmatamento. Entre agosto de 2008 e julho de 2009, a Amazônia perdeu 7.464 quilômetros quadrados de floresta, o equivalente a cinco municípios de São Paulo. Mesmo assim, esta é a taxa de desmatamento mais baixa já registrada desde que o país começou a monitorar a Amazônia com imagens de satélite, em 1988.
Trata-se de uma queda de 42% em relação ao biênio anterior (o "ano fiscal" do desmatamento é sempre medido de agosto a julho do ano seguinte).
A notícia era esperada, por um lado, já que a previsão do Prodes, divulgada no ano passado, havia sido de 7.008 quilômetros quadrados. Mas frequentemente o número consolidado, que é calculado pelo Inpe alguns meses depois e se baseia num número maior de imagens, dá uma diferença para mais que pode ser significativa -- no ano retrasado, por exemplo, a previsão era de empate em relação a 2007, mas houve um ligeiro aumento.
Desta vez, o número consolidado, baseado em 400 "cenas" (imagens) de três satélites, ficou bem na margem de erro estimada pelo Inpe.
A queda mais expressiva (68%) foi observada em Mato Grosso, Estado do "ex-estuprador da floresta" e hoje neoambientalista Blairo Maggi. No Pará da petista Ana Júlia Carepa, o desmate caiu 24%. Ainda assim, é o mais alto da Amazônia, concentrando quase 60% de todas as derrubadas da região. A destruição acompanha o eixo da BR-163, onde o governo relaxou a vigilância após a interdição, em 2005, de 8 milhões de hectares para criação de unidades de conservação.
É nessa mesma região que se arma a próxima investida energética do governo, o complexo de usinas hidrelétricas do Tapajós.
(Por CLAUDIO ANGELO, Folha de S. Paulo, 29/04/2010)