Os criadores de camarões de Louisiana, nos Estados Unidos, cujo litoral se vê ameaçado por um vazamento de petróleo da plataforma da empresa BP (British Petroleum), abriram um processo para obter uma indenização de US$ 5 milhões. A queixa coletiva por negligência e contaminação foi apresentada na quarta-feira (28) à noite.
A plataforma Deepwater Horizon, administrada pela petroleira britânica BP e propriedade da firma Transocean, continha 2,6 milhões de litros de petróleo e extraía cerca de 1,27 milhão de litros por dia.
Depois de uma explosão em 20 de abril, a plataforma afundou no mar depois de 48 horas. As autoridades americanas e a BP calculam que o vazamento de petróleo é de 5.000 barris por dia (800.000 litros).
Vida animal
Os pântanos costeiros da Louisiania fervilham de vida: alimentados pelos ricos sedimentos do Mississippi, abundam peixes, crustáceos e ostras. Além do mais, constituem uma importante base para as aves migratórias.
Se sua plumagem for manchada por petróleo, elas podem morrer por sufocamento ou hipotermia. Em uma costa rochosa, os voluntários podem capturá-las para limpá-las, mas isso é mais difícil nos pântanos.
Quanto às tartarugas marinhas, crocodilos, golfinhos e baleias, eles podem inalar ou ingerir o petróleo quando sobem à superfície para respirar ou se alimentar das presas já sujas, correndo o risco de sofrer inflamações, lesões internas ou outras complicações.
Além disso, embora o petróleo flutue na superfície, alguns hidrocarbonetos se depositam no fundo e criam um entorno tóxico que pode matar os alevinos. "Se isto continuar durante meses, como temem alguns, haverá muitas outras consequências", advertiu Tom Minello, especialista em meio ambiente da Agência Federal Oceânica e Atmosférica (NOAA).
As toxinas poderiam matar os vegetais que fixam os sedimentos e impedem que se dispersem no oceano. "Um dos aspectos mais perigosos de tudo isto é que o petróleo poderia depositar-se em alguns habitats costeiros, o que terá efeitos de longo prazo sobre os recursos da nossa pesca", explicou Minello.
Sem esperar a maré negra, criadores de camarões da Louisiana já apresentaram um processo contra a BP, a cargo da exploração da plataforma acidentada, para obter um ressarcimento de US$ 5 milhões.
A Louisiana é, de longe, o primeiro produtor americano de camarões, cultivados em imensas fazendas costeiras. "Este acidente prova que a indústria petroleira no mar é contaminante, perigosa e mortal", afirmou, por sua vez, Aaron Viles, da associação ecologista Gulf Restoration Network.
Rio Mississipi
A maré negra que ameaça o litoral da Louisiana poderá chegar ao delta do Mississipi nesta sexta-feira (30), segundo informação oficial; a secretária de Segurança Interior, Janet Napolitano, declarou "catástrofe nacional", e o presidente Barack Obama prometeu mobilizar "todos os meios disponíveis", entre eles o Exército, para lutar contra a tragédia.
(France Presse / Folha Online, 29/04/2010)