Integrada ao dia internacional de ação contra os transgênicos, a manifestação teve como principal foco o atual problema da tentativa de introdução de arroz transgênico em Portugal.
No dia 17 e abril, diversos manifestantes estiveram reunidos na Praça do Rossio, em Lisboa e no Porto, em Portugal, contra a importação e comercialização de arroz transgênico na União Europeia. Segundo a Plataforma Transgênicos Fora, o Ministério da Agricultura português deve ser chamado ainda em 2010 para votar, em Bruxelas, a proposta de aprovação para importação e comercialização da primeira variedade de arroz transgênico na União Europeia, o que seria também o primeiro transgénico dirigido essencialmente ao consumo humano.
Integrada ao dia internacional de ação contra os transgênicos, a manifestação teve como principal foco o atual problema da tentativa de introdução de arroz transgênico em Portugal. Além disso, vão homenagear publicamente o "arroz doce", a conhecida sobremesa, com um grande arroz doce “para partilhar”, pois “o arroz que conhecíamos está de saída - não o deixe ir embora!”, dizia a convocatória do movimento. Em comunicado, a Plataforma Transgênicos Fora lembra que o nível de consumo per capita de arroz em Portugal é o mais alto da Europa e que é urgente lançar o debate público sobre agricultura transgênica.
Argumentam ainda que a introdução do arroz transgênico não é uma reivindicação dos portugueses e que a variedade em questão, LL62, nunca foi objeto de uma avaliação científica independente. Também observam que, devido à sua tolerância ao herbicida glufosinato, cada bago de arroz transgênico vai ter mais resíduos desse poluente do que qualquer outro tipo de arroz.
O movimento alerta para os perigos do cultivo de transgênicos para o meio ambiente e para a agricultura, salientando que este cultivo aumenta o uso de tóxicos (pesticidas e herbicidas) na agricultura, provoca a contaminação genética, a contaminação do solo, a perda de biodiversidade e o desenvolvimento de resistências em insetos e outros efeitos não desejados noutros organismos: “os efeitos sobre os ecossistemas são irreversíveis e imprevisíveis”, sustenta a plataforma.
A propósito da autorização de comercialização e produção que a União Europeia se prepara para conceder a uma variedade de arroz geneticamente modificado para comercialização, o arroz LL62 produzido pela multinacional Bayer, a deputada do Bloco de Esquerda Rita Calvário questionou, o ministério da Agricultura sobre a posição que o Governo português pretende tomar. "Este arroz transgênico é caracterizado por uma alteração genética que o torna resistente a um herbicida, o glufosinato de amônio, reconhecido pela Autoridade de Segurança Alimentar Europeia como um perigoso químico de efeitos carcinogênicos, mutagênicos e tóxicos, o que já levou à decisão da Comissão Europeia proibir o seu uso”, sustenta a deputada do Bloco.
Os integrantes do movimento advertem ainda para o fato desta eventual permissão ter como efeito um efetivo impulsionar da produção deste arroz, ainda não produzido, em países mais vulneráveis ao lobby industrial e com menos preocupações de proteção ambiental. “O arroz sem transgênicos irá tornar-se uma coisa do passado”. A Plataforma Transgênicos Fora e as entidades que a compõem acreditam que só é possível salvaguardar um futuro com arroz tradicional se for vetado o pedido da Bayer de introduzir arroz transgênico na União Europeia.
(EcoAgência, 29/04/2010)