Mais de 30% das colméias de abelha podem passar esta primavera sem polinizar uma só fruta. Em algumas regiões, são mais de 60% das colméias. Os apicultores afetados não suportam mais as perdas e protestam em frente da Reunião Anual da Bayer nesta sexta-feira (30/04).
Há dez anos os apicultores tiveram problemas por causa de diversos inseticidas. Quando se conseguia investigar as causas da morte das abelhas, ficava comprovado que devia-se principalmente ao uso de substâncias nocivas para elas. Desde o início da utilização sistêmica de pesticidas nas lavouras, há dez anos, o número de colméias foi reduzido pela metade. A queda sucessiva sugere que, em poucos anos, haverá muito poucas colméias na Alemanha. Há cem anos, os apicultores da Alemanha cultivavam um milhão de colméias – hoje não passa de 500 mil, apesar de haver cada vez mais produtores.
Uma pesquisa feita com o pão de abelha esclareceu o problema dos apicultores. No depósito de alimentos das abelhas são encontradas cerca de 50 substâncias químicas, a maior parte proveniente das lavouras. No mel, estritamente falando, não se encontra nada.
Especialmente os neonicotinóides clotianidina e os imidacloprid fabricados pela empresa Bayer tem causado perdas significativas para os apicultores desde a sua aprovação como inseticidas na Europa. Algumas dessas substâncias já são suspeitas há muitos anos de serem responsáveis pela mortandade desenfreada de abelhas no mundo todo.
A aplicação de pequenas quantidades do inseticida clotianidina já havia causado a morte de 12.500 colméias na primavera de 2008. Por isso a aprovação da utilização da substância foi revogada para as lavouras de milho. A situação catastrófica dos apicultores, no entanto, não melhorou. O princípio ativo da clotianidina desintegra-se depois de três anos da primeira utilização. Se a cultura seguinte também for tratada com o mesmo inseticida, a clotianidina continua impregnada no solo e em cada nova planta que nascer.
Em 2009, entre outras culturas, canola e beterraba foram tratadas com clotianidina, embora o uso em plantações de canola signifique uma contaminação significativa do néctar e do pólen. O resultado dessa política agrária imprudente é uma redução no número de colônias de abelhas mais rápida do que os apicultores conseguem compensar.
Por meio de uma autorização especial, o Ministério da Defesa do Consumidor da Alemanha voltou a autorizar a utilização do veneno da Bayer nas lavouras de milho. Agora, o pesticida não é mais aplicado às sementes, mas injetado no solo em forma de grânulos. Assim que o veneno se espalha na terra, cada planta que ali cresce se torna venenosa para as abelhas e outros insetos benéficos.
O ministro da Agricultura em exercício justificou a permissão alegando que apenas a técnica errada de aspersão foi responsável em 2008 pela maior mortandade de abelhas da história da Alemanha , embora pesquisadores franceses e italianos tenham comprovado claramente o grau de nocividade da clotianidina para as abelhas, de modo que a utilização do produto é proibida na Itália e na França.
Na Alemanha, no entanto, o ministro da Agricultura confia plenamente nas declarações da Bayer, de que o inseticida é inofensivo, e com isso põe as abelhas em risco de extinção. Essa confiança na indústria custará caro aos cidadãos mais tarde. Só a falta de polinização das abelhas custaria aos cofres públicos um bilhão de euros por ano. Frutas e legumes trariam pouco ou nenhum rendimento no futuro. Muitas flores e plantas silvestres sem as abelhas são ameaçadas de extinção.
O impacto ambiental, portanto, exige do governo federal alemão uma proibição imediata da utilização do defensivo agrícola Santana, com o princípio ativo clotianidina, para evitar uma redução ainda maior da população de abelhas.
Como o produto permanece no solo durante anos, antes que a maior parte dela se desintegre, deveria ser feito um levantamento completo sobre o pesticida para todas as culturas agrícolas, que ainda receberão os produtos nocivos às abelhas ainda por muitos anos. Para o representante dos apicultores junto à organização ambiental alemã, já existem de 5 a 12 culturas nessa situação. Sem o apoio jurídico ou financeiro da União Europeia, os apicultores não serão mais capazes de interromper essa redução no reino dos insetos.
Para dar uma chance ainda às abelhas na Europa, a Umweltbund exige que todos os pesticidas sistêmicos sejam imediatamente proibidos. Não se deve tolerar que um defensor agrícola envene o solo e a planta inteira. Se os agricultores quiserem proteger suas lavouras, devem manter o néctar e o pólen das plantas livres de veneno, senão em breve todos os animais úteis para as pessoas serão extintos.
Mais informações: Manfred Gerber, membro da Umweltbund e.V (info@bienenwabe.de)
(Versão em português por Francis França, Ambiente JÁ, com informações da Umweltbund, 30/04/2010)