Pesquisa classifica bairro como a região mais preocupante de Porto Alegre
Um estudo sobre a qualidade do ar de Porto Alegre, que será apresentado hoje pela manhã, revela motivos para preocupação com a atmosfera. Além de ter detectado a presença de poluentes como enxofre, chumbo e ferro, o trabalho apontou o bairro Humaitá como o mais comprometido entre as sete áreas pesquisadas.
Elaborado pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), com apoio do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS) da Secretaria Estadual da Saúde, o levantamento reúne medições do impacto causado pela presença de poluentes na atmosfera porto-alegrense desde 2006. Para isso, foi utilizada uma planta popularmente conhecida como coração-roxo. Encontrada facilmente em jardins e vias públicas, ela é bastante sensível a alterações ambientais. Assim, ao analisar mudanças em funções vitais da planta provocadas por elementos nocivos, os técnicos podem determinar o grau de deterioração do ar respirado pela população.
Uma das principais surpresas do estudo, conforme a bióloga Liane Beatriz Goron Farinon, foi o ponto onde se localizou a maior intensidade de danos ao vegetal. Em vez das proximidades da Estação Rodoviária, local tradicionalmente afetado pela fumaça do grande número de veículos que passa por ali, o bairro Humaitá apresentou-se como uma “área de possível risco atmosférico”.
Isso significa que o ar da região está mais propenso a causar danos à saúde das pessoas, principalmente em crianças com menos de cinco anos, idosos e doentes do aparelho respiratório e cardiovascular. Em pessoas sadias, a exposição a poluentes facilita a ocorrência de alterações clínicas e metabólicas que são precursoras de doenças respiratórias e cardiovasculares. Os especialistas reforçarão os estudos para identificar as razões da poluição no bairro.
De maneira geral, a qualidade do ar porto-alegrense desperta preocupação entre os especialistas. Elementos nocivos como enxofre, chumbo e ferro foram encontrados acumulados sobre as plantas.
– Podemos dizer, como outros estudos já indicaram, que a qualidade do ar que respiramos não é boa. As pessoas costumam achar que estamos muito distantes de outras cidades como São Paulo, mas estamos nos aproximando – avalia a bióloga.
Os detalhes do Estudo da Genotoxicidade dos Poluentes do Ar em Diferentes Áreas da Cidade de Porto Alegre, como se intitula o trabalho, serão apresentados a partir das 9h no auditório do CEVS, na Rua Domingos Crescêncio, 132, na Capital.
O levantamento
Os locais monitorados:
1 Estação Rodoviária, no Centro
2 8º Distrito de Meteorologia, no bairro Jardim Botânico
3 Ginásio da Brigada Militar, no bairro Santa Cecília
4 Escola Municipal Humaitá, bairro Humaitá
5 Hospital Cristo Redentor, bairro Cristo Redentor
6 Instituto Santa Luzia, no bairro Cavalhada
7 Unidade Básica de Saúde Glória, no bairro Glória
(Zero Hora, 29/04/2010)