O enchimento da barragem Taquarembó deverá acontecer em 2011, quando a estrutura estará apta a começar a distribuição de água. Na tarde de ontem, em Dom Pedrito, foi realizada a solenidade de desvio do arroio Taquarembó, uma das ações mais relevantes dentro desse projeto conduzido pela empresa Odebrecht. A cerimônia contou com a presença de vários políticos, empresários e trabalhadores.
O diretor de contrato da barragem Taquarembó, Wilson Martins Ribeiro Júnior, relata que as obras do empreendimento deverão ser concluídas até outubro deste ano e, posteriormente, será feito o seu enchimento. As ações se iniciaram em agosto de 2009. Quando finalizada, a barragem implicará área inundada de 12,6 quilômetros quadrados e poderá abastecer de água a área urbana de Dom Pedrito, com cerca de 40 mil habitantes, e irrigar 12,7 mil hectares de terras no município, Lavras do Sul e Rosário do Sul.
Ribeiro Júnior informa que após o desvio do rio será dada continuidade à construção da barragem que terá 325 metros de comprimento, de ponta a ponta, e até 33 metros de profundidade. Atualmente, trabalham diretamente no complexo cerca de 500 pessoas e o pico deverá chegar a 600 funcionários nos próximos meses. Em torno de 60% dos trabalhadores que atuam nas obras são oriundos da região.
Além de beneficiar a irrigação de culturas como a do arroz, a obra atenuará os impactos de eventuais estiagens e servirá para o controle de cheias. A barragem Taquarembó, que faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), absorverá um investimento de R$ 59,8 milhões, sendo que 80% proveniente do governo federal e 20% do estadual. O complexo atenderá a uma demanda para a irrigação de 13.664 litros por segundo e 190 litros por segundo para a população de Dom Pedrito. Terá ainda uma capacidade de acumulação de cerca de 135 milhões de metros cúbicos.
A governadora Yeda Crusius salientou que a iniciativa beneficiará um dos setores mais importantes da economia gaúcha: o agronegócio. "Pode ter seca, mas não pode faltar água", defendeu. O ministro da Integração Nacional, João Santana, ressaltou que no Rio Grande do Sul, em obras de irrigação e barragens, dentro do PAC, deverão ser investidos, nos próximos anos, de R$ 750 milhões a R$ 800 milhões. Ele adianta que os recursos para a realização dos canais que escoarão as águas da barragem Taquarembó já estão garantidos. Essa obra ainda deve passar pelo processo de licitação.
Somado aos investimentos do PAC, governo do Estado, Odebrecht e Construtora OAS modelam uma Parceria Público-Privada (PPP), na área de irrigação, que pode chegar a mais R$ 800 milhões em construções de barragens na Metade Sul gaúcha. A expectativa era de que a PPP fosse licitada no mês de março, seguindo o modelo de concessão patrocinada. Porém, o secretário extraordinário da Irrigação e Usos Múltiplos da Água, Rogério Porto, revela que até maio deve sair um pedido de estudos complementares desse projeto.
Daniel Andrade defende que grandes projetos públicos ultrapassem períodos de governo
A infraestrutura como agenda de Estado deve perpassar os governos e firmar compromissos mútuos e coletivos a fim de solucionar os problemas da sociedade atual. Com este enfoque, o secretário estadual de Infraestrutura e Logística, Daniel Andrade, palestrante ontem do Tá Na Mesa, acredita que "devem ser estabelecidas políticas públicas de médio e longo prazo para resolver a questão da infraestrutura para o desenvolvimento não só do Estado, mas também do País".
Durante a palestra na Federasul, Andrade citou projetos que estão sendo retomados, estruturados e definidos em sua gestão, como a matriz energética do Rio Grande do Sul, que vem operando no limite da capacidade. "O Estado ainda importa 40% da energia que consome", salientou. De acordo com o secretário, dentro dos próximos 15 ou 20 anos, a matriz, que é de 100 mil MW precisa dobrar para atender à demanda estadual.
Além da ampliação do porto do Rio Grande, que ainda não atende às demandas da economia para o escoamento da produção gaúcha, Andrade destacou projetos como Duplica RS, o Duplica Copa e o Estado na Estrada - que devem absorver investimentos de R$ 3 bilhões - e a retomada das obras do aeroporto de carga de Vacaria, paralisadas há dez anos. "Neste ano de 2010, o RS deverá investir R$ 1,6 bilhão em infraestrutura", afirmou o secretário.
(Por Jefferson Klein, Correio do Povo, 29/04/2010)