Dono de pequena mercearia na periferia de Dom Pedrito, Ricardo Almeida Carvalho, 62 anos, vai deixar o tradicional bolicho de campanha aos cuidados da mulher. A meta é acompanhar hoje o início do processo de desvio do arroio Taquarembó, a mais importante fase da construção da barragem de mesmo nome.
Será a segunda maior em capacidade de irrigação no Estado e promete diversificar as culturas de cerca de 200 propriedades em Dom Pedrito, Lavras do Sul e Rosário do Sul. Para acompanhar o começo das obras, estarão presentes o ministro da Integração Nacional, João Santana Filho, a governadora Yeda Crusius e o secretário estadual da Irrigação, Rogerio Porto.
Curioso, Carvalho também quer conferir de perto a obra que pode ser a solução para o problema de racionamento de água que Dom Pedrito amarga há pelo menos 30 anos.
– Vou pegar meu carrinho e vou, nem que seja para ver de longe. Falta de água aqui é um problema, não tão grave quanto o dos nossos vizinhos bajeenses que, dependendo da época, não têm água nem para escovar os dentes, mas não deixa de ser prejudicial à nossa cidade – diz o comerciante.
Serão 12,4 quilômetros quadrados de área inundada. Nos canais que serão construídos a partir da desobstrução de 40 metros que se inicia hoje, passarão 875 metros cúbicos por segundo de água. É como se o equivalente a 875 caixas d’água de mil litros passassem por segundo por meio dos canos de concreto.
O desvio do arroio Taquarembó, explica o engenheiro responsável pela obra, Wilson Ribeiro, é fundamental para que a barragem possa ser construída. A barragem poderá acumular 116 milhões de m3 de água e deverá ser concluída no final do ano.
– A área plantada de arroz em Dom Pedrito, Lavras e Rosário do Sul será aumentada, mas não sabemos ainda o quanto. Com garantia de 100% de irrigação, são mais de 12,7 mil hectares a mais de terras – afirma o presidente da Comissão do Arroz da Federação da Agricultura no Estado (Farsul), Francisco Schardong.
Além de reduzir custos para os produtores, a construção da barragem possibilitará a diversificação de culturas na região e reduzirá problemas de estiagem em períodos de seca.
– A principal cultura é o arroz porque, com a quantidade de água que os produtores têm, é o que mais dá lucro por hectare. Com a irrigação, poderão buscar grãos de maior rentabilidade, como a soja e o milho – diz Porto.
(Zero Hora, 28/04/2010)