Não foi ontem que o projeto que trata da alienação ou permuta do terreno da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase), localizado na avenida Padre Cacique, foi votado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa. O deputado Elvino Bohn Gass (PT) pediu vista do projeto 388/09, encaminhado pelo governo do Estado. Não há previsão de quando o documento será posto novamente em votação.
Gass justificou o pedido dizendo que o governo, antes de vender, deve dar segurança à sociedade gaúcha. "Não só de que vai mesmo concretizar o projeto social - afinal, sobre isto, que é o mais importante, o projeto não oferece mais do que duas linhas genéricas - mas também de que o Estado não está entregando à especulação imobiliária uma área nobre a preço de banana", disse. "Além do mais", afirmou o líder petista, "o terreno de 73,3 hectares da Fase foi avaliado em R$ 79,3 milhões, ou seja, R$ 1,082 milhão por hectare. É uma pechincha se levarmos em conta que, próximo ao local, o estádio dos Eucaliptos, com dois hectares, foi colocado à venda por R$ 20 milhões", observou.
Na manhã de ontem, cerca de 250 pessoas que moram no terreno fizeram uma manifestação na avenida Padre Cacique, em frente ao local. As famílias exigem a retirada do projeto e querem a formulação de uma nova proposta que contemple a urbanização da comunidade.
Para o presidente da fundação, Irany Bernardes de Souza, as polêmicas envolvendo a aprovação do projeto resultam de "desinformação e politicagem". "As dúvidas que existem hoje serão respondidas no edital. Não cabe ao projeto de lei esclarecer estes pontos. O que será feito com a área deve constar no edital. Não podemos atropelar as etapas de tramitação. Não sabemos por quanto será arrematado, só existe um valor mínimo e que ainda deverá ser revisado. As pessoas falam sem conhecer todos os estudos que fizemos", afirma. Para ele, a proximidade da Copa do Mundo e a valorização da área são benéficas. "Assim obteremos um valor ainda maior quando da venda", diz. Sobre a transferência das famílias que moram na área, Souza tranquiliza os moradores. "Ninguém será retirado dali para ser jogado em qualquer lugar."
(JC-RS, 28/04/2010)