Enquanto hoje, 27 de abril, acionistas do grupo Sinar Mas chegavam para sua reunião anual em Jacarta, Singapura, para debater lucros e dividendos, representantes do Greenpeace alardeavam outro tipo de desempenho da empresa: o de, apesar de garantir o contrário, continuar devastando a floresta indonésia para plantação de óleo de dendê.
Imagens e testemunhos colhidos em uma investigação que levou nossos ativistas às florestas devastadas em busca de provas de que o desmatamento continua a todo o vapor foram distribuídas à imprensa, com o objetivo de desmascarar falsas promessas e cobrar das empresas que compram da fornecedora, que boicotem óleo de dendê fruto de desmatamento da floresta e destruição do habitat de orangotangos.
A investigação aconteceu na região de Kalimantan, na Indonésia. Por lá, florestas tropicais e de turfa, de altíssimo valor para a conservação de espécies, especialmente a do orangotango, continuam vindo ao chão para dar lugar às plantações de óleo de dendê, usados em produtos de alimentação e cosméticos. Isto, apesar da Sinar Mas insistir em fazer bonito na frente de seus acionistas e compradores com o falso comprometimento – emitido oficialmente no começo de fevereiro, de produzir óleo de dendê de forma sustentável e abandonar a devastação.
Graças à vitoriosa campanha do Greenpeace, a Nestlé na Indonésia cortou contratos com a Sinar Mas e não usa mais seu óleo de dendê nos chocolates da marca. Outras fornecedoras internacionais da empresa de alimentos, como a Cargill, no entanto, mantém negociações com a fornecedora. Segundo porta-vozes da Nestlé, haverá pressão sobre a Cargill caso a mesma não abandone a Sinar Mas até o fim de abril, prazo dado para que provas do fim do crime ambiental sejam enfim apresentadas.
“A Sinar Mas tem poucos dias agora para limpar sua sujeira, ou corre o risco de perder grandes contratos com a Cargill", comemora Bustar Maitar, coordenador da campanha de florestas no Sudeste da Ásia. E explica: “O Greenpeace não é contra a plantação de óleo de dendê, contanto que seja de forma sustentável e não agrida nossas florestas tropicais e de turfa, nem nenhum orangotango”.
Este é o tipo de notícia que acionistas de uma empresa detestam ler.
(Greenperace Brasil, 27/04/2010)