O presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, alertou hoje, durante o 24º aniversário do pior acidente atômico da história mundial, que o reator nuclear de Chernobyl permanece uma séria ameaça à Europa. A explosão do reator de Chernobyl, em 1986, enviou uma nuvem de radiação sobre grande parte da Europa e sérios problemas de saúde persistem nas pessoas da região mais afetada pela radiação. Yanukovich disse que cerca de 2 milhões de pessoas ao redor do país têm doenças provocadas pela radiação, e as organizações não governamentais estimam que o desastre provocou mais de 700 mil mortes prematuras.
O reator explodido foi envolvido por uma concha de concreto que está se deteriorando, e as obras para substituí-lo, financiadas pela comunidade internacional, ainda não começaram. Yanukovich disse, em cerimônia que lembrou nesta segunda-feira o desastre, que o reator permanece uma ameaça "não apenas para a Ucrânia, mas também para a Bielo-Rússia, Rússia e Europa".
A radiação deixou algumas regiões de Ucrânia e da Bielo-Rússia inabitáveis. O presidente colocou coroas de flores no monumento em homenagem às vítimas da explosão em Chernobyl e visitou uma planta que reprocessa combustível nuclear usado. Yanukovich se comprometeu a dar melhor assistência médica às vítimas de Chernobyl e às pessoas que ainda têm doenças provocadas pelo desastre, dizendo que a questão é de "honra e consciência".
O primeiro-ministro da Ucrânia, Mykola Azarov, prometeu melhor tratamento médico, aposentadorias e moradias aos sobreviventes. Em Kiev, um padre ortodoxo rezou uma missa perto do monumento em homenagem às vítimas, com participação de centenas de pessoas. Muitas delas reclamaram do pouco caso do governo ucraniano. "Nós perdemos nossa cidade, nós perdemos tudo. Sempre o governo promete aumentar nossas aposentadorias, mas ele sempre mente", disse Serhiy Krasylnikov, um ex-trabalhador da usina de Chernobyl que chefia um sindicato de vítimas do desastre na capital ucraniana.
Manifestações também aconteceram em Minsk, capital da vizinha Bielo-Rússia, onde as pessoas reunidas aproveitaram para protestar contra o presidente Alexander Lukashenko.
(Estado de S. Paulo, 27/04/2010)