Depois de seis meses de pressão da Aracruz (atual Fibria), papeleiros assinaram o Acordo Coletivo 2009/2010, que é considerado altamente desvantajoso para os trabalhadores. A campanha salarial foi marcada pelo estado de greve dos trabalhadores e ameaças de demissão por parte da empresa, que retirou benefícios de mais de 30 anos dos empregados.
A derradeira assembleia dos trabalhadores foi realizada na última sexta-feira (23) e eles aprovaram o acordo por 366 votos contra 177. A aprovação, no entanto, não reflete a satisfação dos trabalhadores, que haviam rejeitado a mesma proposta em outras duas assembleias. O Sindicato dos Trabalhadores Químicos do Estado (Sinticel) tentou várias alternativas que evitassem a retirada dos direitos, mas a empresa foi irredutível ao impor sua posição.
Com o Acordo Coletivo, os papeleiros perderam o acordo de férias de 40% e terão de pagar parte do plano de saúde e do seguro de vida, benefícios que já contavam com mais de 30 anos.
O presidente do Sinticel, Artur Duarte Branco, conta que a empresa teria recrutado quatro empregados para tentarem convencer os outros a aceitarem o acordo, através de um abaixo-assinado. O corpo gerencial da empresa teria pressionado os operários do turno de revezamento, mais vulneráveis, mas não menos resistentes.
O Sinticel deve acatar o que a categoria decidiu, mas vai continuar a luta contra a retirada de direitos e o tratamento desigual dispensado aos empregados da fábrica do Estado. O Sinticel também tentou negociar diretamente com a direção da Fibria, em São Paulo, enviando uma carta ao diretor de Desenvolvimento Humano e Organizacional, mas não obteve resposta.
Para o sindicato, a empresa também perdeu com o Acordo, já que, mesmo aprovando a proposta, perdeu em motivação dos trabalhadores, que são a mola mestra da companhia. As relações de trabalho ficaram ainda mais desgastadas depois da intransigência da ex-Aracruz em negociar um acordo satisfatório com a categoria.
(Por Lívia Francez, Século Diário, 27/04/2010)