Um grupo de moradores da cidade uruguaia de Fray Bentos realizará uma manifestação contrária ao protesto que será realizado amanhã na Assembleia Ambiental da cidade argentina Gualeguaychú pela planta de celulose da finlandesa Botnia, anunciaram hoje os organizadores.
"Será uma reunião pacífica" para expressar aos ambientalistas argentinos "que nós uruguaios estamos presentes e não gostamos de provocação", disse Daniel Fernández, um dos organizadores em declarações ao jornal "El Observador".
O chefe de Polícia de Rio Negro, Adán Cuello, disse hoje à Agência Efe que vai conversar com os organizadores dessa nova manifestação com o objetivo de persuadi-los a "desistir para evitar possíveis enfrentamentos".
"Em Fray Bentos o clima é de paz, mas também um ambiente ruim por todos os problemas gerados pelo corte da ponte internacional", admitiu o chefe de Polícia.
"Trataremos de persuadir o pessoal a não ir rumo à ponte, mas se a decisão for mantida nada faremos, pois eles têm direito de se manifestarem", acrescentou.
Nesse caso, se for concretizada a entrada de participantes da assembleia de Gualeguaychú ao Uruguai "faremos como nos estádios de futebol, uma espécie de cordão de isolamento policial com separação", destacou Cuello.
"O que temos de garantir é a segurança para todos", acrescentou o chefe de Polícia local do departamento de Rio Negro, do qual Fray Bentos é a capital.
A Polícia montará duas "barreiras de segurança" nas proximidades da unidade da Botnia e na entrada de Fray Bentos "para evitar que os participantes da assembleia" de Gualeguaychú "possam chegar até a fábrica ou à cidade".
A planta fica na periferia de Fray Bentos e desde o fim de 2007 produz e exporta celulose.
O investimento para a construção foi de US$ 1,8 bilhão, a maior já feita por uma só empresa na história do país.
O ex-intendente de Rio Negro Omar Lafluf, que deixou o cargo em fevereiro para concorrer às eleições de 9 de maio, disse à Efe que o corte provocou a perda de 300 postos de trabalho diretos em Fray Bentos e o fechamento de vários comércios e empresas.
O Governo uruguaio estimou que as perdas para o país em turismo e comércio devido ao bloqueio da ponte superaram os US$ 500 milhões.
Após saber da decisão de Haia, o presidente do Uruguai José Mujica e a presidente argentina, Cristina Fernández de Kirchner, concordaram em se reunir no próximo dia 28 em Buenos Aires para analisar uma possível solução para o pior enfrentamento em décadas entre ambos os Governos e possíveis fórmulas para melhorar as relações futuras.
(Efe, 24/04/2010)