A proposta de lei para o clima defendida pela Administração de Barack Obama — prioritária na agenda política do Presidente norte-americano — sofreu um forte revés com o Senado a adiar, sábado à noite, a sua discussão devido a uma polémica a propósito da reforma das leis de imigração.
O adiamento da apresentação do diploma — marcada para hoje — deve-se à recusa do senador republicano Lindsey Graham em continuar nas discussões, anunciou o democrata John Kerry. Graham avisara que se afastaria do entendimento bipartidário para o clima por estar convicto que os democratas utilizariam a ocasião para levar a debate no Senado antes as suas propostas de reforma das leis de imigração.
Kerry expressou, mesmo assim, expectativas de que continuem os trabalhos sobre a proposta para o clima, tendo pouco antes sublinhado que se “alcançou um acordo” sobre os pormenores da lei para reduzir as emissões de dióxido de carbono e outros gases de estufa ao fim de seis meses de aturadas reuniões com Graham e com o senador independente Joseph Lieberman.
A proposta deveria ser apresentada numa reunião, hoje em Washington, em que iriam participar representantes das organizações ambientais e industriais. “Mas, infelizmente, surgiram questões sem nenhuma relação [com a lei para o clima] que nos forçam a adiar os trabalhos no Senado apenas temporariamente”, concedeu Kerry, depois de ser conhecida a decisão do senador republicano.
Sem Graham a bordo, as hipóteses da proposta ser aprovada no Senado ficam drasticamente reduzidas, uma vez que era dele que se esperava a conquista do apoio de outros republicanos na câmara.
A nova legislação sobre as alterações climáticas — que incluía novas regulamentações para a energia nuclear e para a exploração marítima de petróleo — teria um caminho difícil no Senado, mesmo antes de estalar a batalha entre democratas e republicanos em torno da reforma das leis de imigração. Mas, a já não muitos meses do sufrágio legislativo de Novembro, a situação complica-se ainda mais com os senadores a começarem a preocupara-se cada vez mais em definir onde centrar os seus esforços nesta fase pré-eleitoral.
O líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, reagiu salientando que as questões das alterações climáticas e da imigração são ambas muito importantes: “É esperado que lidemos com ambas, e os norte-americanos não aceitarão a ideia de que tentar agir numa delas sirva de desculpa para nada fazer sobre a outra”, avisou em comunicado emitido ainda no sábado.
(Ecosfera, 25/04/2010)