Com a meta de incentivar a geração eólica gaúcha, será criado nesta quinta-feira o Fórum para o Desenvolvimento da Energia Eólica no Estado do Rio Grande do Sul. O colegiado reunirá empreendedores privados e agentes públicos envolvidos com essa fonte de energia. O evento de lançamento deverá ocorrer na sede da Secretaria Estadual de Infraestrutura e Logística, em Porto Alegre.
O assessor-técnico da secretaria João Carlos Félix detalha que o grupo irá propor iniciativas que permitam que o Estado tenha competitividade para disputar empreendimentos com outras regiões, que também apresentam ótimo potencial de ventos, como Rio Grande do Norte e Ceará. Além do governo gaúcho, participarão do fórum representantes de empresas como Eletrosul, Ventos do Sul, Grupo CEEE, Grupo Fortuny, EDP, entre outros.
O presidente da Ventos do Sul, Telmo Magadan, argumenta que o fórum será uma ferramenta para difundir a ideia da regionalização dos leilões (forma adotada pelo governo federal para viabilizar a comercialização de energia no sistema elétrico). Essa medida poderia resolver alguns desequilíbrios causados por incentivos fiscais concedidos em outros estados. "Não somos contra o Nordeste, mas somos a favor do Rio Grande do Sul", enfatiza Magadan, que também é vice-presidente e coordenador da Divisão de Infraestrutura: Energia e Comunicações da Federasul. Félix é outro defensor da regionalização como solução para diversificar e aproveitar as vocações energéticas de cada estado.
Ainda neste ano, os projetos eólicos terão mais uma chance de disputar um leilão, previsto para ocorrer em junho, e vender suas gerações. O certame terá a participação das fontes eólica, de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e da biomassa (produção a partir da queima de material orgânico).
Uma reivindicação dos agentes do segmento eólico deve ser contemplada neste leilão: a separação da disputa por fontes. "Essa é uma prática correta, pois são produtos diferentes", defende Magadan.
Lula reforça importância da usina de Belo Monte
Para o presidente, o apagão de 2001 foi incompetência do governo de Fernando Henrique Cardoso
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a importância da construção da usina de Belo Monte, no rio Xingu (PA), ao fazer uma comparação sobre o preço das diferentes formas de obtenção de energia e afirmar que a produzida por uma hidrelétrica é a mais barata. No programa semanal de rádio Café com o Presidente que foi ao ar ontem, Lula ressaltou também o cuidado que, de acordo com ele, o governo tomou para que todos os envolvidos com a construção da usina não sejam prejudicados.
"Belo Monte é um projeto de 30 anos, não é um projeto de agora. Belo Monte levou muito tempo sendo discutida, foi muita gente que discutiu, se fazia projeto, se não fazia projeto, e nós conseguimos dar a Belo Monte um tratamento, diria, qualificado envolvendo todo o segmento da sociedade num debate", afirmou. De acordo com Lula, abandonar um potencial hídrico de aproximadamente 260 mil megawatts para começar a usar termoelétrica a óleo diesel será um "movimento insano", contra toda a ação que se faz no planeta.
Para defender a tese de que a usina hidrelétrica é mais barata, Lula disse que as empresas que ganharam o leilão de Belo Monte ofereceram cerca de R$ 78,00 por megawatt/hora, enquanto a administração federal fixou um preço mínimo de R$ 83,00 o megawatt/hora. "É importante a gente fazer uma comparação para o povo saber o que nós estamos falando: a usina Belo Monte vai gerar por R$ 78,00 o megawatt/hora; uma usina eólica custa R$ 150,00 o megawatt/hora, e uma usina a gás, mais ou menos, R$ 200,00", comparou.
O licenciamento ambiental de Belo Monte, disse Lula, foi o "melhor já ocorrido em todo o Brasil", com cinco anos de estudo para licença prévia. "Obviamente que sempre haverá quem não queira que a gente faça, porque tem aqueles que esperam que haja sempre uma desgraça no País para que possam encontrar um culpado. Nós temos aí a indústria do apagão, pessoas que não querem que a gente construa a energia necessária porque querem que tenha um apagão para justificar o apagão de 2001", disse. Para Lula, o apagão de 2001 - durante o governo FHC - foi "incompetência, e nós não vamos ter atos de incompetência".
O ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, considera possível a emissão de uma licença ambiental provisória para Belo Monte, assim como foi feito no caso da usina hidrelétrica de Jirau, no rio Madeira. Essa licença provisória serve para a construção do canteiro de obras e é emitida antes da licença de instalação, que é para a construção da usina em si.
Segundo o ministro, no caso de Jirau, o consórcio responsável pela obra assinou os contratos de concessão 45 dias depois do leilão, que ocorreu em maio de 2008, e depois conseguiu uma licença provisória para ganhar tempo. Zimmermann explicou que foi considerando a hipótese que comentou, na sexta-feira, em Florianópolis (SC), sobre a possibilidade de as obras de Belo Monte começarem em setembro. "Não acho impossível (ter uma licença provisória) porque Jirau também conseguiu. Mas não sei o que o empreendedor está avaliando", disse.
(JC-RS, 27/04/2010)