A retirada de 38 árvores da Praça da Alfândega causa controvérsia entre defensores da natureza e idealizadores do projeto de recuperação do espaço. Conforme a Secretaria da Cultura de Porto Alegre, a extração das plantas é inevitável para sequência do Projeto Monumenta, o qual pretende devolver à praça o aspecto original. Porém, para ambientalistas, nem mesmo o trabalho de recuperação justifica a derrubada do velho arvoredo.
O olhar sobre os tapumes de metal que cercam a obra revela as cicatrizes que alicerçam a polêmica, marcadas ao menos em quatro árvores transformadas em cepos. Nos mesmos tapumes, peças publicitárias divulgam o projeto.
Uma das vozes que defende a permanência das árvores como estão vem do Conselho da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan). Para o biólogo Francisco Milanez, do Conselho Superior da entidade, a ação é retrocesso na gestão ambiental da Capital gaúcha. "Porto Alegre foi a primeira Capital a proibir a poda indiscriminada. Isso ocorreu nos anos 1970. Quase 40 anos depois, aparece esse tipo de atitude", destaca. Milanez lamenta que a boa intenção paisagística tenha de cobrar a vida do "velho arvoredo" e reclama que a decisão foi tomada de forma arbitrária. "Não houve nenhum tipo de consulta ou participação popular", assinala.
(Correio do Povo, 25/04/2010)