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desmatamento caatinga
2010-04-26 | Tatianaf

Em apenas seis anos foram mais de 16 mil quilômetros devastados pela ação do homem. O Ceará é o segundo estado mais atingido

A caatinga está desaparecendo e o desmatamento continua sendo o maior vilão. De acordo com o último monitoramento feito pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), 45,39% de caatinga brasileira foi devastada. Em apenas seis anos, de 2002 a 2008, foram mais de 16 mil quilômetros atingidos pela ação do homem.

O Ceará é o segundo estado que mais desmata. Dos mais de 147 mil quilômetros de caatinga, quase 59 mil quilômetros foram devastados. O primeiro lugar foi a Bahia, com 154 mil quilômetros desmatados.

Dos 20 municípios que mais desmataram entre 2002 e 2008, sete estão localizados no Ceará. Acopiara é o município brasileiro com maior índice. Dos 2.264 quilômetros quadrados de caatinga, 183 não existem mais. Tauá, também no Ceará, vem em segundo lugar, com 173 quilômetros quadrados de desmatamento. Em seguida, vem Bom Jesus da Lapa, na Bahia, com 158 quilômetros quadrados destruídos.

Segundo o secretário executivo da Associação Caatinga, Rodrigo Castro, o impacto do desmatamento no Estado pode ser ainda maior se avaliarmos em números relativos. ``O Ceará tem bem menos caatinga que a Bahia. Entretanto, nós desmatamos mais. Se verificarmos o percentual de área destruída, o Ceará teve um impacto muito maior de destruição que qualquer outro estado brasileiro``, pontua. Ele alerta também para o tipo de imagem que foi usada para ser realizado o levantamento. ``As imagens de satélite mostram apenas quais são as áreas que possuem cobertura vegetal ou não, sem atentar se estas coberturas foram recuperadas ou permanecem em estágio de recuperação``, diz.

A dependência da caatinga nos processos econômicos, de corte da madeira, produção de carvão ou queima da lenha, agrava a situação. A ausência de remanejo florestal, quando se corta, mas não faz o replantio, dificulta a regeneração do bioma. ``Se continuarmos desmatando e deixando para trás, vai chegar uma hora em que teremos desmatados toda a caatinga``, alerta.

Desertificação
Esse intenso desmatamento da Caatinga acaba provocando a desertificação da região. É possível identificar uma área degradada se ela apresentar ausência ou escassez de vegetação, clarões de terra nua, presença de qualquer tipo de erosão, predomínio de espécies vegetais rústicas e resistentes, como cactus e capim panasco, podendo se verificar ainda maior ou menor quantidade de afloramentos de rochas.

A evidência do alto grau de desmatamento em tão pouco tempo suscita para um maior fortalecimento na luta a favor da conscientização do meio ambiente. ``Queremos evitar os impactos que essa situação pode provocar``. Entre eles, a redução da disponibilidade hídrica, com a destruição das nascentes, e o agravamento do aquecimento global. O resultado também é a redução na variedade da fauna e flora da Caatinga. Atualmente, espécies como a burra leiteira, imbiratanha, cedro, ameixa nativa, ingá de bucha, aroeira, marizeira e pajeú encontram-se em processo de extinção.

O secretário executivo da Associação atenta para algumas ações que podem ser realizadas para diminuir esse processo de devastação. A preservação de áreas naturais é uma das mais importantes. Entretanto, apenas 5% da superfície cearense está protegida legalmente. Outra ação que deve ser implementada é o reflorestamento, recuperando as áreas devastadas através do replantio de árvores nativas. ``Criando e recriando uma cobertura florestal, para evitar erosão, garantir recarga hídrica e sombreamento``, exemplifica.

Características do Semiárido
> Clima com temperaturas médias anuais entre 26° e 28°C;
> Insolação superior a três mil horas por ano;
> Umidade relativa em torno de 65%;
> Precipitação pluviométrica anual abaixo de 800 milímetros;
> Solos com baixa profundidade e substrato predominantemente cristalino.
O semi-árido cearense é definido com base em três critérios técnicos
> Precipitação pluviométrica média anual inferior a 800 milímetros;
> Índice de aridez de até 0,5 calculado pelo balanço hídrico que relaciona as precipitações e a evapotranspiração potencial;
> Risco de seca maior que 60%.

(NO Olhar, 23/04/2010)


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