Os presentes da Indústria de Fosfatados Catarinense (IFC) e da Fatma, mais uma vez, não compareceram na audiência pública que debateu a implantação da mineradora em Anitápolis. A ausência de um representante da empresa motivou o prefeito de Laguna, Célio Antonio (PT), a manifestar-se, desta vez publicamente, contra o empreendimento.
“Por falta de informações e pelo desinteresse da empresa em debater o projeto, anuncio: sou contrário à fosfateira. Temos as informações do quanto nosso povo poderá ser afetado, tanto em relação à saúde como economicamente. E isto é inaceitável”, posicionou-se.
A geóloga e professora de geografia da Udesc, Maria Paula Marimon, expôs um resumo do EIA/RIMA e enumerou os riscos gerados pela exploração, beneficiamento e transporte do fosfato. Segundo ela, o estudo feito pela IFC foi “maquiado” e os dados são superficiais. “Foram exigidos estudos complementares, mas ainda há falhas no projeto. O estudo mostra a vulnerabilidade gigantesca à população e ao meio ambiente. Ainda mais para a região de Anitápolis, que articula e desenvolve projetos sustentáveis”, declarou a professora.
Durante a audiência, foram realizadas várias manifestações de repúdio. Um abaixo-assinado com mais de três mil assinaturas, contra a IFC, também foi entregue às autoridades estaduais.
Professor sugere investir no uso de dejetos de suínos como fertilizante
Na audiência pública em torno da implantação da Indústria de Fosfatados Catarinense (IFC), em Anitápolis, o professor Ademir Motta da Silva, o Milo, de Gravatal, apresentou uma alternativa de sustentabilidade: além de ser contrário ao projeto, ele pede a viabilização do uso dos dejetos de suínos como fertilizante. Milo é representante da Associação dos Agricultores Ecológicos da Encosta da Serra Geral (Agreco), sediada em Santa Rosa de Lima, e membro do Movimento Nascentes da Serra.
Único vereador de Anitápolis contrário ao projeto, Rogério Hasse (DEM) disse que os investimentos no turismo foram altos nos últimos anos e, a sugestão do professor é viável e deveria receber incentivo.
“Turismo e exploração do solo não podem, na minha opinião, coexistir. Já temos pesquisa na área do uso de dejetos como forma de fertilizantes orgânicos. E isto pode ser utilizado como alternativa ao fosfato químico. Acredito que deveríamos nos organizar e alavancar esta sugestão”, argumentou o vereador da cidade serrana.
(Por Wagner da Silva, Notisul, 17/04/2010)