A nova família indígena é composta por uma mãe com excesso de peso, mas anêmica, com filhos também anêmicos, sem carteira de vacinação em dia, vítima frequente de diarreia e problemas respiratórios. O retrato está revelado no 1.º Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição dos Povos Indígenas, o diagnóstico mais abrangente feito sobre saúde, cotidiano e condições de vida e de consumo dos índios no País.
Na Região Norte, uma em cada cinco crianças não possui sequer certidão de nascimento. "A criança que não é registrada é invisível aos olhos do Estado. Por isso, o registro civil deve ser considerado o primeiro passo em busca da cidadania e dos direitos da criança", avalia o estudo.
Pesquisadores encontraram um cenário que mescla a ausência do Estado, representado pela precariedade de saneamento, escassez de recursos básicos, altos índices de doenças controláveis e dependência da população dos programas de benefícios sociais.
Os indicadores de saúde são um reflexo claro desse novo panorama. Autores do trabalho identificaram um processo de transição estampado nos índices de cesárea e hipertensão, que convive com a já conhecida anemia. Essa deficiência atinge níveis alarmantes, acima do que é descrito em pesquisas sobre população brasileira em geral.
Oito entre dez crianças indígenas de 6 a 11 meses de idade sofrem de anemia. Um quadro de prevalência 16 vezes acima do que a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera normal. A anemia é constatada em 51% das crianças índias quando a idade avaliada estende para os menores de 5 anos. O problema também atinge mulheres. Do grupo analisado, 32,7% estavam anêmicas. Entre as gestantes, o índice foi de 35,2%.
No Norte, 24,9% das mulheres estão acima do peso e 6,1% são obesas. No Sul/Sudeste, 32,2% têm sobrepeso e 22,4% são obesas. No País, os números revelam sobrepeso em 30,2% das índias e obesidade em 15,7%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
(AE, 23/04/2010)