Biólogos anunciaram ontem a descoberta de 120 novas espécies na ilha de Bornéu, entre elas uma rã sem pulmões, o maior inseto do mundo e uma lesma que atira "dardos do amor" em seu parceiro.
A ONG WWF listou as novas descobertas em uma área remota de floresta tropical densa entre a Malásia, a Indonésia e o Brunei, países que dividem a ilha asiática. O local é conhecido como "Coração de Bornéu", uma área de conservação de 220 mil quillômetros quadrados criada pelos três governos em 2007.
"Temos encontrado em média três espécies novas por mês e 123 nos últimos três anos, com pelo menos 600 novas espécies descobertas nos últimos 15 anos", disse Adam Tomasek, chefe do WWF na região.
O Coração de Bornéu é lar de dez espécies de primata, mais de 350 de ave, 150 de répteis e anfíbios e cerca de 10 mil plantas que não ocorrem em nenhum outro lugar do planeta, afirmou o relatório.
Entre as novas espécies está uma rã de 7 cm chamada Barborula kalimantanensis, descoberta em 2008, que respira apenas pela pele. Também foi encontrado um bicho-pau de 36 cm de comprimento, o Phobaeticus chani, e uma lesma que usa agulhas de carbonato de cálcio para injetar um hormônio no parceiro e aumentar as chances de reprodução.
As florestas de Bornéu estão ameaçadas principalmente pela mineração e pelas plantações de dendê. A Indonésia e a Malásia respondem por 85% da produção global dessa palmeira, que tem uma série de usos industriais e alimentícios.
No caminho dessa indústria estão espécies ameaçadas como o orangotango e o rinoceronte de Sumatra. A subespécie deste animal que ocorre em Bornéu é a mais rara de todos os rinocerontes _só restam 30 indivíduos na natureza.
(France Presse, Folha Online, 22/04/2010)