Para atender o Projeto Monumenta, SMAM autorizou o corte de 35 árvores, sendo 15 ligustros (espécie exótica), 15 figueiras e outras cinco de espécies variadas.
O barulho das motosserras na praça da Alfândega chamou a atenção de moradores e frequentadores do centro de Porto Alegre e gerou controvérsia. Não é à toa: a praça, localizada junto ao prédio da primeira alfândega da cidade, abriga árvores quase centenárias e faz parte da memória afetiva do município. O projeto responsável pelas derrubadas no coração da cidade é o Monumenta, que transformou o centro de Porto Alegre em um sítio urbano tombado há 10 anos – mesmo status conferido ao Pelourinho, em Salvador, Bahia. O Monumenta já devolveu a igreja das Dores à comunidade, além de outras obras de valor histórico.
Até o momento a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAM) autorizou o corte de 35 árvores, sendo 15 ligustros (espécie exótica), 15 figueiras e outras cinco de espécies variadas. Também foram removidas as palmeiras da Califórnia e replantadas na avenida Sepúlveda, que passa ao lado da Secretaria Estadual da Fazenda.
A obra em questão foi iniciada março, e tem o objetivo de devolver à praça da Alfândega a sua feição original, que é a de um jardim. A justificativa dada pelo coordenador da Memória Cultural da Prefeitura de Porto Alegre, Luiz Antônio Custódio, para a realização do corte de árvores é que foram plantadas espécies não adaptadas àquele meio urbano. “Existem lá eucaliptos e guarapuvus. O guarapuvu, por exemplo, tem ciclo de vida curto e pode cair sobre as pessoas. Além disso há os fícus, que até os anos 1980 eram podados e serviam como cerca viva para os recantos. Como pararam de podar, eles cresceram desordenadamente e modificaram o ambiente”, explica Custódio.
Ele identifica que a falta de poda e cuidados com a praça trouxe uma série de problemas: ela tornou-se úmida e escura até mesmo durante o dia. “Esses fícus estão espalhados pela praça. A falta de insolação e o excesso de umidade tornam o ambiente insalubre”, diz a arquiteta da Smam, Renata Salvadori Rizzotto.
Também estavam comprometidos o sistema de iluminação pública, drenagem, saneamento e os passeios da praça, por conta das raízes das árvores. Além do plantio de 139 ipês amarelos e jacarandás, será feita a recuperação dos passeios, ampliação da rede elétrica e de esgoto, do sistema de drenagem. Também serão instalados novos banheiros.
A primeira fase do trabalho começou no Cais do Porto, com a reformulação dos armazéns A e B. A segunda parte está sendo concluída com a recuperação do pavimento original na avenida Sepúlveda. A terceira fase do projeto compreende o remodelamento dos canteiros da praça da Alfândega, resgatando o formato original da década de 40, a ampliação da área do passeio de pedestres e a recuperação do pavimento, que é composto por pedras portuguesas.
O projeto Monumenta conta com orçamento de R$ 21 milhões e é uma parceria do Ministério da Cultura, governo do Estado, prefeitura e iniciativa privada.
(Por Glauco Menegheti, EcoAgência, 22/04/2010)