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exploração de petróleo passivos do petróleo
2010-04-23 | Tatianaf

A voz dos excluídos da cúpula de Copenhague, que defendem um desenvolvimento sustentável, será ouvida com força na Bolívia, em lugar da dos governos que ditam estratégias segundo seus interesses para enfrentar a mudança climática, como o mercado de carbono, afirmou Nnimmo Bassey. Este ativista nigeriano chegou à cidade boliviana de Cochabamba para participar da Conferência Mundial dos Povos sobre a Mudança Climática e os Direitos da Mãe Terra, iniciada ontem com presença de, aproximadamente, 15 mil representantes de organizações da sociedade civil, todas preocupadas com o rumo oficial na luta contra a variabilidade climática.

Bassey, o costarriquenho Isaac Rojas e o uruguaio Martín Drago são os portadores da posição da Amigos da Terra Internacional, rede composta por 77 organizações não governamentais. Com os objetivos de “mobilizar, resistir e transformar”, esta coletividade ambientalista promove a justiça econômica, a soberania alimentar, o uso de energias alternativas, a conservação da biodiversidade e uma aberta batalha contra a exploração inadequada de minerais e petróleo.

Destacado entre outras coisas por sua luta tenaz contra as atividades extrativistas contaminantes das empresas de petróleo multinacionais em seu país, Bassey resumiu para a IPS o que considera virtudes de um encontro como o de Cochabamba, onde os povos podem se expressar e estabelecer um discurso real contra a mudança climática.

IPS: Qual a diferença entre as cúpulas mundiais e esta de Cochabamba?
NNIMMO BASSEY:
Aqui não prevalecem os governos, que habitualmente dizem o que se deve fazer. Agora é o povo que dirá aos governantes quais tarefas devem realizar em matéria de luta contra a mudança climática. Em dezembro, em Copenhague – na 15ª Conferência das Partes da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP-15) –, as organizações sociais, como a Amigos da Terra, foram excluídas dos debates, mas em Cochabamba ocorre o inverso, e participamos de todas as mesas de análises.

IPS: Quais as suas expectativas com relação a este encontro de organizações sociais?
NB:
Nesta conferência o mundo tem a oportunidade de ouvir as demandas do povo, conhecer os problemas e as soluções reais e autênticas. Nossa posição é contrária às compensações de emissões de carbono em troca da conservação das florestas. As selvas devem ficar fora das considerações do mercado. Rechaçamos a monocultura, a produção de alimentos geneticamente modificados, e exigimos manter os combustíveis de origem fóssil debaixo da terra. A indústria agrícola está se transformando na causa do problema climático e, em lugar disso, lutamos por uma atividade sustentável no campo, igual à demanda expressa pela organização Via Camponesa, o movimento mundial de camponeses que impulsiona a produção de alimentos sadios.

IPS: Em que consiste sua proposta de manter o petróleo debaixo da terra?
NB:
Na Nigéria fizemos campanhas para manter o petróleo sob a terra e contra as multinacionais que causam a contaminação pelas emissões de carbono, promovem a destruição ambiental e a vida dos habitantes e das comunidades. Queremos mudar esta forma de geração de energia por um modelo de desenvolvimento sustentável para acabar com o uso de combustíveis fósseis e promover o investimento em energia renovável.

IPS: Qual o papel dos povos indígenas nesta batalha?
NB:
O importante é expressar a reclamação pela destruição do meio ambiente onde vivem os povos, mas eles precisam ter o poder sobre as terras e adquirir capacidade para administrar seus recursos naturais. Trata-se de uma demanda por poder para a produção de alimentos em condições apropriadas com a natureza e com a preservação dos recursos naturais. Também se busca reduzir o poder das transnacionais, e o seu desmantelamento.

IPS: Essa meta parece muito ambiciosa, considerando o poder dos países industrializados e de suas empresas. Então, qual é o processo que vem a seguir?
NB:
Está claro que a batalha é muito grande, mas precisamos nos unir, compartilhar informação e experiências de lutas contra o poder multinacional.

IPS: A partir dessa postura, que opinião tem sobre o modelo boliviano que promove a defesa da Mãe Terra?
NB:
O governo da Bolívia é muito inspirador para os povos do mundo. É como um sonho ter um governo disposto a ouvir as demandas dos povos e cuidar da Pachamama (Mãe Terra).

(Por Franz Chávez, IPS, Envolverde, 20/4/2010)


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