Dentro das empresas, no escopo de programas de gestão ambiental, é nítida a preocupação permanente com o uso de recursos hídricos. Ninguém vai deixar de usar a água, mas se busca otimizar ao máximo o uso da água, evitando desperdícios.
Temos bons exemplos disto. A fábrica da AMBEV em Cuiabá, segundo o Eng. Oséias Jobli dos Santos, gerente de meio ambiente, atinge níveis em torno de 3,76 litros de consumo de água para cada litro de produto produzido. Índices abaixo de 4 litros para cada litro produzido são considerados níveis de excelência a nível de mundo.
O grande problema é o uso público da água, onde existem deficiências de planejamento estatal, ausência de ações sistêmicas de educação ambiental e conscientização das populações e falta de mecanismos indutores de uma utilização mais racional e otimizada.
Em nível de universidades já existem boas respostas técnicas para a questão. Existem modelos ambientais descritivos, que juntamente com modelos biofísicos e estatísticas econômico ambientais, trazem respostas adequadas aos desafios atuais.
Transferir estes conhecimentos para o cotidiano do planejamento e execução públicos é o grande desafio.
Nos modelos ambientais biofísicos são incorporadas informações essenciais de clima, topografia, declividade dos terrenos, geologia (tipos de rocha) e solos (tipos e características dos solos), a disponibilidade de recursos hídricos, a interação com a malha viária, a subdivisão territorial e o uso e ocupação dos terrenos.
No bloco de estatísticas econômico ambientais, os níveis de informação considerados essenciais foram agrupados em três conjuntos de informações principais, constituídos através de: dados demográficos, dados econômicos e dados sobre o desgaste e danos ambientais.
Os trabalhos científicos apontam para o desenvolvimento de sistemas municipais de informações econômico-ambientais, estruturados a partir de bacias hidrográficas, como unidades coerentes para análise e intervenção.
As conclusões dos estudos acadêmicos, permitem afirmar que o emprego de métodos e recursos tecnológicos disponíveis em nosso meio, possibilitam estruturar sistemas municipais de informações econômico ambientais, que sejam acessíveis a usuários em geral e suficientemente precisos e acurados para orientar eficientemente um processo de tomada de decisão, voltado para a otimização do uso dos recursos ambientais em microbacias hidrográficas e sobre políticas locais de desenvolvimento econômico e ambiental.
Mas o desafio de tomar medidas que atuem no comportamento individual dos cidadãos e das famílias vão ser necessárias. Tal como a questão de resíduos sólidos (lixo) que tem sido exaustivamente trabalhada por nossas orientações de mestrado, a população não se inclina por aceitar onerações fiscais para procedimentos irregulares.
Mas devido as condições sócio econômicas e a alta carga tributária do país, a população enxerga com bons olhos medidas de desoneração fiscal que premiem comportamentos adequados.
No caso do lixo é muito simples de entender. Um recente mestrado que orientamos, pesquisando os municípios de Taquara, Três Coroas, Igrejinha e Parobé no RS demonstrou que a população gostaria de ter incentivos tributários para segregar os resíduos na fonte, em casa e contribuir para a coleta seletiva e envio dos materiais para reciclagem. (NAIME, R.; ROCHA, C. S. Utilização de instrumentos legais para induzir melhorias na gestão de resíduos sólidos urbanos. Gestão e Desenvolvimento (Novo Hamburgo), v. 4, p. 11-25, 2007).
Talvez seja este o caminho para otimizar o uso de recursos hídricos pela população.
(Por Roberto Naime, EcoDebate, 22/04/2010)