Com a execução de um canto guarani para agradecer a Tupã e pedir que a palavra indígena fosse ouvida e atendida pelo povo branco, teve início, na tarde desta segunda-feira (19), a manifestação alusiva ao Dia do Índio, promovida pela Comissão de Cidadania e Direitos Humanos e pelo Conselho Indigenista Missionário. A atividade foi coordenada pela deputada Stela Farias (PT), que saudou os representantes de povos indígenas das reservas de Passo Grande, Lomba do Pinheiro e Lami, e os representantes de entidades como a Funai, Conselho Indigenista Missionário, Núcleo de Povos Indígenas de Porto Alegre e Conselho Estadual de Povos Indígenas.
O presidente do Conselho de Articulação dos Povos Indígenas Guarani, Maurício da Silva Gonçalves, disse que a Assembleia Legislativa devia olhar para as comunidades indígenas e respeitar estes povos. “Temos direitos garantidos na Constituição Federal e nos tratados internacionais. No entanto o Dia do Índio não significa nada para o branco. Demarcar nossa terra e respeitar a nossa organização é o que queremos do branco”.
Santiago Franco, vice-presidente do Conselho, alertou que as áreas demarcadas para os indígenas no Rio Grande do Sul são poucas e pequenas. “Nosso território tradicional vai do Rio Grande do Sul ao Rio de Janeiro, onde usávamos o nosso direito de ir e vir e a tradição de caminhar. Temos hoje poucas terras reconhecidas pela União”. Ele denunciou a discriminação e o preconceito que sofrem estes povos. “Isto porque temos uma cultura, tradição e uma visão diferente de mundo”. Para ele, a continuidade destes povos está comprometida. “Sobram apenas cantinhos, beira de estradas para nós. As crianças indígenas devem ter um futuro e para isto precisam de espaço para plantar, ter educação própria, atendimento de saúde”.
Representando os mais idosos, a “opy” Laurinda – o equivalente a conselheira, falou no idioma guarani e lamentou que as crianças estejam perdendo suas tradições culturais.
A deputada Stela Farias afirmou que se sentia privilegiada em poder encaminhar as reivindicações trazidas para a reunião. “No Dia do Índio eles vêm até aqui querendo ser ouvidos, para garantir a continuidade da sua cultura. Vou buscar o apoio dos deputados que se sensibilizam com este tema”.
Ficou acertado que uma nova reunião será convocada, quando as diversas instituições que tratam do tema deverão contribuir para organizar um inventário da situação dos povos indígenas no estado. A atividade terminou com mais uma apresentação do coral das crianças guarani.
(Por Neiva Alves, AL-RS, 19/04/2010)