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norsul baía da babitonga impactos de portos no Br
2010-04-19 | Rodrigo

A polêmica em torno da Norsul - empresa de capital privado Norueguês que solicita no IBAMA licenciamento para implantar o Terminal Marítimo Mar Azul na localidade de Laranjeiras, próximo a empresa poluente Vega do Sul, para quem a Norsul transporta as bobinas de aço do Espírito Santo para a Baía da Babitonga, no extremo norte de SC e onde foi permitida a instalação da Vega do Sul para “lavar” as chapas de aço com ácido sulfúrico de forma a “apodrecer” em cinco ou dez anos, conforme pedido dos clientes - está formada. São doze entidades lutando contra este porto para que São Francisco do Sul não sofra novo impacto social e a Baia Babitonga novo impacto ambiental.

A Intersindical - como é a chamada a ONG que congrega as 12 entidades que são contra este porto privado – congrega sindicatos de classe; partidos políticos; ONG ambientalista e associações. A ONG vai ter voz ativa na escolha do novo governador de SC, afinal luta pela qualidade de vida de toda a Baía da Babitonga e suas populações costeiras precisam para a subsistência - e contra ação de uma empresa que já tem amplo leque de poluição.

Foi a Norsul – aquela que anuncia nas TVs que tem “responsabilidade sócio-ambiental” - que, ao ter uma barcaça virada na entrada da Baía da Babitonga, perdeu bobinas que continuam no fundo do mar na entrada da baía e fez enorme derramamento de óleo, contaminando a vida marítima, ao ponto dela ter pagado as primeiras parcelas de dívidas geradas pela economia pesqueira, seja em barcaças como pela proibição da pesca. A Norsul afetou também a atividade turismo e a comercial.

A Câmara de Vereadores de São Francisco do Sul aprovou Moção de Repúdio ao porto privado da Norsul, cuja cópia foi encaminhada no dia 23 de março ao Ministério do Meio Ambiente, entre outros órgãos públicos que devem barrar as intenções da Norsul. Mas isso a chamada grande mídia ou a “monstrenga” nada noticiou e, pudera, pois essa mídia tem o patrocínio da Norsul. A votação foi histórica, pois pela primeira vez o grande capital privado foi vencido naquela Casa de Leis.

Demonstrou que os movimentos ambientalistas francisquenses começam a ganhar a luta pela qualidade de vida, o oposto de quando se instalou a Vega do Sul - hoje Arcelor Mittal - a rainha das empresas poluidoras no mundo e que se instalou em São Francisco do Sul com todas as mordomias dos poderes público. Hoje, porém, já mostra a "cara" do desastre ecológico que deixará para essa região...

Vander da Silva, ao ser questionado como a Intersindical e o Sindicato dos Estivadores de São Francisco do Sul vêem o projeto do porto da Norsul, diz: “É catastrófico. Uma baía magnífica de riquezas ambientais como a nossa não pode ser desfigurada com projetos que buscam o lucro pelo lucro. Os trabalhadores do porto público serão afetados e, conseqüentemente, o comércio e o turismo. E quando falo em nome da entidade, falo com autorização, pois represento a vontade de toros os portuários avulsos, e não somente a minha vontade”.

Essa Intersindical congrega mais de três mil pessoas e chega a nove mil pessoas que sobrevivem do Porto de São Francisco do Sul, ou seja, 25% da população. Mas, segundo Vander da Silva, o atual prefeito de São Francisco do Sul, Luiz Zera (PP) já teve posição cobrada pelos sindicatos. “Imaginamos que ele (o prefeito) não pode ser a favor de um empreendimento que vai contra uma massa de pessoas: trabalhadores portuários, caminhoneiros, pescadores e o comércio local”, conforme entrevista a Alisson Brito, do mensário O Ilhéu.

Um vídeo produzido por uma ONG ambientalista prova, tendo como fonte os próprios pescadores da baía, que o local onde a Norsul quer implantar em Laranjeiras o porto privado, congrega até quatro espécies da icfiofauna tidas como de extinção e que ocorrem só ali: a toninha, o mero, a tartaruga verde e o trinta réis real. É um berçário da fauna aquática da Baía da Babitonga tido como o maior pesqueiro por concentrar todas as espécies nobres daquela baía. E pouco acima seria berçário de procriação das espécies marinhas.

Mais de dois mil pescadores praticam a atividade extrativista naquele ponto. Mas o barulho que será causado por um porto fará com que este criadouro natural inexista. E isso assusta os pescadores, pois causará a eterna destruição desse habitat natural, onde eles buscam o sustento quotidiano - boa parte da área, incluindo a de mangue, já foi destruída pela Norsul onde pretende instalar este porto privado, seja pelo corte da vegetação do mangue ou na drenagem das suas águas.

(Por Adelmo Müller, Jornal Absoluto, 12/04/2010)


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