Nós, organizações populares, em marcha, no ato contra Belo Monte e o atual modelo energético, signatárias desse documento, comprometidas com um Brasil mais justo e igualitário, viemos por meio desse, nos posicionar contra a entrega de bens estratégicos e necessários para a soberania do país, como a água, terra e energia, para grandes grupos econômicos nacionais e internacionais, que não tem nada a ver com o desenvolvimento do país, e que buscam a toda medida a mercantilização desses bens e a obtenção de lucros para seus interesses, colocando o país e sua população e mercê de suas políticas.
Diante disso reafirmamos:
Somos contrários a este modelo energético, que privilegia grandes grupos econômicos privados, que nega os direitos da população atingida, que mantém uma das tarifas de energia mais caras do mundo, que explora os seus trabalhadores em todas as etapas, seja na construção, geração e distribuição de energia.
Nossa posição contrária a construção de Usina Hidrelétrica de Belo Monte, localizada no Rio Xingu, estado do Pará, pois entendemos que assim como tantas outras obras já construídas não trazem o "desenvolvimento" como se promete, impactam as populações e o meio ambiente ocasionando intensos conflitos sociais e ambientais.
Que essa obra, dentro desse modelo implantado, fere o princípio da soberania nacional assim como, a soberania energética do Brasil, nos colocando enquanto país e como povo brasileiro, numa situação de dependência constante, ameaçando o presente e o futuro do país como nação.
Que a construção deste mega-empreendimento irá beneficiar somente grandes empresas, que tem o interesse em construir Belo Monte como a Vale, a Suez, Andrade Gutierrez, Votorantin, Neoenergia, Odebrecht, Camargo Correa entre outras, com o objetivo de obter altas taxas de lucro, às custas de uma brutal exploração do povo brasileiro e da apropriação dos bens naturais estratégicos.
Sabemos que mesmo tendo argumentos técnicos suficientes que confirmem a inviabilidade da obra, do ponto de vista político, econômico, social e ambiental, ela é mantida pelo seu compromisso político de entrega e mercantilização dos bens naturais do povo brasileiro a estes grandes grupos em nome dos lucros extraordinários.
Somos contra por que ela não vai trazer o desenvolvimento para a região, e ao contrário do que se promete, vai empobrecer a população, causar um inchaço populacional, desemprego, aprofundar os problemas sócio-ambientais, e os lucros remetidos para fora da região e do país.
Portanto, nossas organizações vem mais uma vez afirmar que:
- Queremos o cancelamento da Licença Prévia.
- Queremos o cancelamento do Leilão anunciado para o dia 20 de abril.
- Que definitivamente não precisamos da construção de Belo Monte, porque ele não vem atender as necessidades reais do povo brasileiro.
Brasília, 12 de abril de 2010.
Organizações que assinam o manifesto:
Movimento dos Atingidos por Barragens- MAB
Movimento Xingu Vivo para Sempre - MXVPS
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST
Movimento dos Pequenos Agricultores - MPA
Movimento de Mulheres Camponesas - MMC
Pastoral da Juventude Rural - PJR
Conselho Indigenista Missionário - CIMI
Associação Brasileira dos Estudantes de Engenharia Florestal - ABEEF
Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil - FEAB
Instituto Socioambiental - ISA
Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais - ABONG
(Adital, 16/04/2010)