A direção da chilena CMPC tem plano para ativar em 2014 a ampliação de 450 mil toneladas para 1,8 milhão na unidade de Guaíba. A base florestal para assegurar matéria-prima para a nova capacidade já está em implantação, com investimento de R$ 250 milhões somente em 2010 para plantio de 13 mil novos hectares de eucalipto e reforma de áreas já cultivadas. A escalada do preço da tonelada da celulose no mercado mundial, que poderá romper a marca histórica de US$ 904 - a cotação está em US$ 880 -, e retomada mais acelerada da demanda podem sustentar a antecipação.
O presidente do Conselho de Administração da companhia, Eliodoro Matte, informou ontem, na sede da planta, que a decisão deve ser tomada em 2012. Caso a empresa queira ativar o novo potencial de 1,3 milhão a 1,5 milhão de toneladas anuais em 2014, a construção levará até 18 meses. "Mas podemos fazer em 16 e 17 meses", assegura o presidente da Celulose Riograndense, novo nome da antiga Aracruz, Walter Lídio Nunes.
Quando houve a suspensão da ampliação, no estouro da crise econômica em setembro de 2008, já estava em curso o empreendimento. Há possibilidade de flexibilizar a antecipação do prazo, que era, até agora, indicado como 2015. No elenco de preocupações para executar o projeto, o fator preço está na quarta colocação entre variáveis. Completar a base florestal, ajustar orçamentos e o projeto e fazer obras viárias no acesso ao terreno vem antes.
Matte também confirmou pela primeira vez que a aquisição do ativo ocorreu de olho na possibilidade de aumento da oferta de produto. "Compramos a unidade com a intenção de triplicar a produção e não para manter as 450 mil toneladas anuais", assegurou. A planta de Guaíba, comprada no final de 2009 da Fibria (união da Aracruz e VCP) por US$ 1,43 bilhão, deve colocar a CMPC na terceira colocação na produção mundial de celulose de fibra curta, ficando atrás da brasileira Fibria e da também chilena Arauco. A companhia atingiria 4 milhões de toneladas, deixando a Stora Enso na quarta posição. Atualmente a produção mundial é de 50 milhões de toneladas, com avanço de 1 milhão ao ano. A definição mais clara de prazos depende da consolidação do patamar de cotações. Hoje há uma "bolha de demanda", formada por falta de produto e redução mundial de estoques.
O projeto da nova planta está sendo reavaliado, o que deve incluir mudanças antes do orçamento definitivo. Antes da crise, o investimento era estimado em US$ 2 bilhões. Matte, considerado hoje o homem mais rico do Chile com fortuna de US$ 7,3 bilhões em 2009, reforça a precisão com que está sendo buscada a reavaliação do projeto. "Temos de ter foco necessário para levar adiante o projeto de Guaíba 2", traduziu.
Empresa vai retomar fabricação anterior ao terremoto
O maior terremoto da história, ocorrido em fevereiro no Chile, abalou a produção da CMPC. O presidente do Conselho de Administração da companhia, Eliodoro Matte, estima que 200 mil a 250 mil toneladas de celulose deixaram de ser entregues a clientes. A previsão é de retomada da capacidade total das três plantas em maio. Apesar do forte tremor, as unidades, que incluem ainda duas de papel, não foram danificadas. A maior produtora do país, a Arauco, teve plantas afetadas. A queda na oferta do produto chileno foi uma das razões da elevação dos preços.
Para dar conta de encomendas, a empresa precisou priorizar compradores tradicionais. A produção de Guaíba, que hoje é toda transacionada pela sede chilena, mudança ocorrida após aquisição, também entrou no suporte do abastecimento. O presidente da planta, Walter Lídio Nunes, explica que a contingência provocou diversificação de destinos. A planta de Guaíba também serve de referência em processos ambientais, pois é única no País com três etapas de tratamento de efluentes.
(Correio do Povo, 15/04/2010)