O ministro argentino das Relações Exteriores, Jorge Taiana, assegurou nesta quarta-feira (14) que o governo do seu país espera "com confiança" o veredicto da Corte Internacional de Justiça, em Haia, referente à demanda apresentada por Buenos Aires contra a instalação de uma fábrica de pasta de celulose no Uruguai.
"Há uma madura disposição de ambos países em respeitar a decisão e trabalhar em outros aspectos, uma vez superado este problema", comentou o chanceler, referindo-se ao anúncio do veredicto, previsto para o próximo dia 20.
Em declarações à emissora Rádio de La Red, o diplomata contou que "são boas e vão ser melhores" as relações entre Buenos Aires e Montevidéu, porque os presidentes da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, e do Uruguai, José Mujica, "têm uma vontade clara de avançar" no vínculo bilateral.
Nesta terça-feira (13) a imprensa uruguaia informou que o pronunciamento do veredicto será assisto por uma delegação de políticos de todos os partidos do país, como meio de demonstrar respaldo ao governo de Mujica, que tomou posse no último dia 1 de março.
Na semana passada, o presidente uruguaio fez uma viagem surpresa à Argentina, ocasião em que se reuniu com Cristina e abordou o caso levado à Corte de Haia e ressaltou a necessidade de respeitar a decisão judicial.
Em 2006, a Argentina abriu um processo na Corte de Haia, localizada na Holanda, devido à construção de uma fábrica na localidade uruguaia de Fray Bentos, próximo ao Rio Uruguai, que faz fronteira entre os dois países.
Buenos Aires afirma que o governo do país vizinho autorizou a construção da fábrica sem consultá-la, violando assim o tratado binacional que rege a administração do rio, e que a empresa polui a região.
Como forma de protesto, alguns ambientalistas bloqueiam há mais de três anos uma série de pontes que interligam os países, como a General San Martín. Buenos Aires já realizou inspeções ambientas no local, mas não detectou danos à natureza.
A fábrica de celulose, que pertencia à empresa finlandesa Botnia e recentemente foi comprada pelo grupo UPM, opera desde 2007.
Nestes quase três anos de funcionamento, a fábrica produziu cerca de dois milhões de toneladas de pasta de celulose.
O julgamento na Corte de Haia demandou dez audiências, nas quais ambas as partes expuseram seus argumentos. O caso provocou a pior crise diplomática entre os dois países nas últimas décadas.
(Ansa, DCI, 14/04/2010)