Delegações do Chile, de Moçambique, do Canadá, da Argentina e de vários países onde a mineradora Vale mantém atividades estão reunidas para denunciar crimes ambientais e violação de direitos trabalhistas pela empresa. Eles participam do 1º Encontro Mundial de Afetados pela Vale.
De acordo com o secretário nacional executivo da organização não governamental Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas), Dirceu Travesso, na próxima quinta-feira (15) será divulgado um documento, na Assembleia Legislativa do Rio, com propostas para a continuidade da luta contra as agressões cometidas pela Vale, na esfera ambiental e social.
Dirceu Travesso afirmou que a atividade da mineradora, em função da lucratividade, resulta em redução de direitos, aumento de mortes e de acidentes de trabalho, lesões por esforço repetitivo devido ao aumento da produtividade, “atingindo as comunidades de maneira brutal”. Questionada sobre as denúncias, a Vale reiterou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não fará nenhum comentário a respeito nem responderá às acusações.
Na avaliação do secretário nacional da Conlutas, vários desastres naturais que têm ocorrido no Brasil estão associados a mudanças ambientais provocadas por atividades como a mineração. “As consequências vêm não só para quem está diretamente envolvido com a atividade produtiva ou com a comunidade perto de uma mina, mas, de maneira global, com tudo que altera e atinge a vida das pessoas.”
Travesso afirmou que o encontro foi aberto à participação de representantes da Vale. A companhia, segundo ele, não mostrou receptividade ao convite. Mesmo assim, a empresa será comunicada dos resultados do evento. “A postura da Vale hoje não é de diálogo.”
Funcionários da Vale Inco, adquirida pela Vale no Canadá, informaram que estão em greve há nove meses. “E a Vale se nega a negociar”, comentou Travesso. Para o secretário nacional da Conlutas, o que importa à Vale é “garantir a lucratividade dos seus grandes acionistas, dos seus executivos, que recebem bônus milionários, e não dá ouvidos para trabalhadores, para comunidades nem para os movimentos sociais“.
O encontro prossegue hoje (14), com a realização de oficinas e debates fechados à imprensa.
(Por Alana Gandra, Agência Brasil, EcoDebate, 14/04/2010)