Em auditório tomado por cerca de 150 lideranças de diversos estados e países, o I Encontro Internacional dos Atingidos pela Vale foi aberto em tom de esperança e união. Durante apresentação inicial, duas constatações se impuseram com clareza: 1) em cada canto do país, e em parte considerável do planeta, a Vale atua com desrespeito social e ambiental; 2) em cada canto do país, e em parte considerável do planeta, há pelo menos uma voz lutando contra os danos da empresa. O Encontro visa, ao longo dos quatro dias, unir essas vozes para que, juntas, tenham força suficiente para enfrentar a Vale.
Peru, Canadá, Alemanha, França, Chile, Argentina e Moçambique. Minas, Pará, São Paulo, Espírito Santo, Ceará, Maranhão e Rio de Janeiro. Todos esses lugares estavam representados por uma voz firme, em busca de resistência. Os trabalhadores da Vale Inco, no Canadá, ao declarar que estão há nove meses em greve contra a empresa, foram aplaudidos com louvor. “A gente está aqui para crescer, para se articular, para se unir”, disse Ana Garcia, da Fundação Rosa Luxemburgo, que abriu o evento.
Sandra Quintela, do Instituto de Políticas Alternativas para o Cone Sul (PACS), apresentou em seguida a sequencia de projetos depredadores instalados, atualmente, na Baía de Sepetiba, por uma série de empresas: Vale-ThyssenKrupp, CSN, Usiminas, LLX. Sandra apresentou os indicadores sociais da região, e as danosas transformações locais após a instalação dos distintos projetos.
“A ThyssenKrupp disse na Alemanha que nesse lugar não havia ninguém”, afirmou a economista, em referência ao descaso social da empresa alemã que instala na região, junto à Vale, a Companhia Siderúrgia do Atlântico (CSA). Dados da Secretaria de Meio Ambiente do Estado apontam que a siderúrgica aumentará em 76% a poluição da cidade do Rio de Janeiro.
“Nós não podemos aprofundar esse modelo [de desenvolvimento] que está aí. Temos que lutar por outro. O Rio de Janeiro é a sede mundial da Vale. É aqui que se tomam as decisões, e é aqui que temos que intervir. É muito importante a gente sair desse espaço com uma estratégia comum de enfrentamento”, disse Ana Garcia. Ao final, gritos de protesto de todos os cantos em coro. “Água e energia não são mercadoria” era um deles, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).
(Atingidos pela Vale, 12/04/2010)