Na próxima quarta-feira (14), um protesto de rua será realizado ao mesmo tempo em que o primeiro lote de soja da safra 2009/2010 será arrematado na Bolsa de Comércio de Rosário, na Argentina. A intenção das organizações sócio-ambientais do país é fazer um protesto pacífico e chamar a atenção da população para a necessidade de defesa da vida, da biodiversidade e da soberania alimentar. A Argentina é, reconhecidamente, um dos países que mais descumpre as normas ambientais.
A atividade de mobilização está sendo organizada pelas entidades Arte-Tierra-Huella, Asamblea Feriante Caramelos Sueltos, Conciencia Solidaria, El Grito de la Tierra, Foro por la Soberanía Alimentaria, Frente Popular Darío Santillán, Semillas de Rebelión, Socialismo Libertario e Tierra de Alguien.
Durante o protesto, os manifestantes irão demonstrar o descontentamento com várias problemáticas, como a utilização do modelo de agronegócios, que prejudica a biodiversidade e a qualidade da terra. Também será rechaçado o uso indiscriminado de agrotóxicos - pois estes produtos químicos prejudicam a saúde da população e contaminam as terras - a destruição de bosques e áreas verdes para o cultivo da soja transgênica e a expulsão de camponeses e povos originários de suas terras.
A manifestação será realizada a partir das 10h30, na Bolsa de Comércio de Rosário. As entidades organizadoras convidam argentinos e argentinas a participarem deste protesto a fim de "escracharem a quem enriquece com a fome e a dor dos povos".
Vários são os problemas decorrentes do agronegócio que tem à frente a soja como produto principal. Um deles é a utilização em larga escala de agrotóxicos que provocam doenças respiratórias e até cânceres. A última safra ocupou cerca de 18 milhões de hectares, implicando no aumento do uso de agrotóxicos que estão em processo de proibição, entre eles o herbicida não seletivo (que mata qualquer planta) glifosato, comercializado pela Monsanto.
A produção de soja deve bater recorde de 50,8 milhões de toneladas em 2009/10, superando as safras anteriores de 32 milhões e 48,8 milhões de toneladas. A grande produção está sendo viabilizada com ajuda do governo. Segundo a Dow Jones, a Argentina é hoje a maior exportadora de farelo e óleo de soja do mundo.
(Por Natasha Pitts, Adital, 12/04/2010)