“A pior iniciativa atual contra a biodiversidade agrícola é a tecnologia Terminator, (tecnologia de restrição genética do uso de GURT), uma tecnologia transgênica para esterilizar as sementes em segunda geração, que obriga os agricultores a ter que comprá-las para cada estação de semear. Além disso, transmite esta característica de esterilização para a maioria das plantas vizinhas que contamina. Assim, soma-se o problema da esterilização e da contaminação, ameaçando a biodiversidade”.
A afirmação é de Sílvia Ribeiro, pesquisadora e coordenadora de programas do Grupo ETC, com sede no México, grupo de pesquisa sobre novas tecnologias e comunidades rurais, em entrevista à IHU On-Line desta semana.
Sílvia Ribeiro informa que “no Brasil, esta tecnologia está proibida agora, mas há um projeto de lei do deputado Cândido Vacarezza, líder do governo na Câmara dos Deputados, para permitir esta tecnologia, e pior ainda, para usar plantas “biorreatoras”, ou seja, plantas transgênicas que produzam substâncias não comestíveis, o que é um enorme risco ambiental”.
Segundo ela, “esta iniciativa é gravíssima e fala muito mal da política do governo sobre a biodiversidade agrícola. Para sair destas armadilhas que ameaçam a biodiversidade, é preciso voltar a proibir os transgênicos, que além de tudo usam muito mais agrotóxicos e produzem menos que os cultivos híbridos. Para recuperar as sementes crioulas, além de eliminar este tipo de ameaças, é necessário apoiar a produção camponesa, familiar, que são os que têm criado e cuidado as sementes. Isto significa que podem ter terra, que podem ficar com ela e viver dignamente de seu trabalho. Isso é muito mais que somente uma posição política, na situação de devastação ambiental, climática e da biodiversidade; é um imperativo para a sobrevivência de todos”.
A revista IHU On-Line estará disponível nesta página, hoje, a partir das 16h.
A versão impressa circulará, no câmpus da Unisinos, amanhã, terça-feira, a partir das 8h.
(IHU-Unisinos, 12/04/2010)