O mundo não definirá um acordo climático final este ano, disse neste domingo (11) Yvo de Boer, chefe do clima da ONU, afirmando que o foco deveriam ser medidas práticas para ajudar os pobres e salvar as florestas.
De Boer falava nos bastidores do primeiro encontro da ONU desde que a cúpula de Copenhague em dezembro fracassou na aprovação do acordo desejado por muitos países.
Os negociadores do encontro dos dias 9 a 11 de abril em Bonn têm lutado para encontrar uma fórmula para reavivar as negociações de um pacto de combate ao aquecimento global e acertar um cronograma antes do próximo encontro anual ministerial em Cancún, no México, em novembro e dezembro.
"Não acho que Cancún irá nos dar um resultado definitivo", disse De Boer, que em julho deixa o secretariado de mudança global da ONU após quase quatro anos.
"Acho que Cancún pode obter uma arquitetura operacional, mas fazer disso um tratado, se essa for a decisão, vai exigir mais tempo do que a cúpula. Acho que teremos muitas outras rodadas de negociações de mudanças climáticas antes da solução final ser encontrada."
Muitos delegados em Bonn estão pessimistas com o desfecho, dizendo que as conversas para encontrar um sucessor para o protocolo de Kyoto depois de 2012 perderam força.
Após dois anos de conversas, a cúpula de Copenhague foi incapaz de apresentar um sucessor para Kyoto, mas mais de 110 países desde então assinaram um acordo não-vinculante. O presidente norte-americano Barack Obama é um de seus maiores apoiadores.
O acordo prometeu US$ 30 bilhões entre 2010 e 2012 para ajudar os pobres a enfrentar os impactos da mudança climática, como inundações, secas, deslizamentos de terra e aumento das marés.
Também se comprometeu a manter o aumento das temperaturas globais em menos de 2ºC em relação à era pré-industrial, mas não detalhou com isso deveria ser feito.
De Boer descreveu o acordo de Copenhague como "um desfecho muito importante", mas muitos países em desenvolvimento em Bonn rejeitaram novas menções a ele nas conversas da ONU, sublinhando as tensões com os EUA, que nunca ratificaram Kyoto.
(Reuters, Folha Online, 11/04/2010)