A qualificação do transporte público e a execução de obras estruturais são o caminho para minimizar os problemas decorrentes do acúmulo de veículos nas ruas. Congestionamentos nos horários de pico refletem a retomada do crescimento econômico do país. Com uma frota de 659 mil veículos, Porto Alegre tem um carro para cada 2,1 habitantes - média semelhante a de cidades europeias. Somente em 2009, 73 mil novos veículos passaram a circular. No mesmo período, 11.710 veículos foram baixados e 8.603 foram transferidos para outros estados. Em contrapartida, a cidade perdeu 50 mil placas para outras cidades e recebeu 31.892 transferidas de outras localidades.
"Diariamente, 94 veículos são agregados à frota da cidade. Continuando neste ritmo, atingiremos a marca dos 700 mil até o final do ano", projeta o ex-secretário municipal de Mobilidade Urbana e ex-diretor-presidente da EPTC, Luiz Afonso Senna, acrescentando que a frota está aumentando em consequência das facilidades de compra, com juros reduzidos e prazo dilatado para pagamento.
As vias de circulação são limitadas e, ao contrário do que aconteceu até a década de 70, não é mais possível simplesmente abrir uma rua. Apesar de avaliar que a execução de obras estruturais não será suficiente para acabar com os congestionamentos, aposta que as intervenções viárias previstas para a Copa de 2014 darão maior fluidez ao trânsito.
Porto Alegre, segundo ele, está longe na comparação com Rio de Janeiro ou São Paulo, onde os moradores convivem com o "para-e-arranca". "Temos pontos de afunilamentos pontuais no Túnel da Conceição e nas avenidas Castelo Branco, Assis Brasil, Protásio Alves, Osvaldo Aranha, Farrapos, Carlos Gomes, Independência, Borges de Medeiros, Praia de Belas e Padre Cacique", descreve.
No caso específico da III Perimetral, que tem registrado pontos congestionados, o ex-secretário lamenta que a avenida tenha nascido com 40 anos de atraso. Ele descarta, no entanto, qualquer possibilidade de implantação de pedágios urbanos ou rodízio de placas como forma de conter o tráfego. Senna, que deixou as funções na semana passada, prefere apostar em recursos tecnológicos, com a ampliação das câmeras de monitoramento de tráfego, passando das atuais 31 para 62, e no incremento de agentes de trânsito nas ruas para desfazer os "nós" que se formem.
A estimativa da EPTC é de que, diariamente, 50% da frota circule no município. Além disso, há os veículos visitantes que chegam da região Metropolitana e do Interior. Atualmente, os 1.575 ônibus que compõem o transporte coletivo transportam 1 milhão de passageiros. "A frota é relativamente nova, com idade média de 4,5 anos", diz.
(Por LUCIAMEM WINCK, Correio do Povo, 11/04/2010)