Depois da chuva torrencial que bateu recordes nesta semana no Rio de Janeiro, a cidade registrou outro fenômeno, resultado da frente fria que causou o mau tempo da segunda e da terça-feiras no estado. Um ciclone extratropical provocou ressaca no mar e as ondas cobriram a areia de alguns trechos das praias, invadindo a ciclovia de Ipanema e levando água a metros da pista do Aeroporto Santos Dumont.
A previsão era de que a altura das ondas chegasse ao auge na madrugada passada. "Um fenômeno como esse acontece de 10 em 10 anos", explicou Luiz Guilherme Aguiar, doutorando em engenharia costeira pelo programa de pós-graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ).
Dessa vez, a ressaca chamou atenção por ter afetado a Baía de Guanabara, que é protegida das ondas e costuma ter águas calmas. As ondulações formadas pelo mar agitado quebraram nas pedras que protegem a pista do Aeroporto Santos Dumont e alagaram a via de serviço localizada a poucos metros da cabeceira da pista - o que, segundo a Infraero, não prejudicou os voos.
Durante a tarde de ontem, a água chegou à avenida Vieira Souto, que margeia a praia de Ipanema, e carregou areia até a ciclovia. Surfistas aproveitaram as condições do mar em Copacabana e centenas de curiosos assistiram à formação de nuvens brancas de espuma quando as ondas estouravam. "É um espetáculo. Não se pode tomar banho, mas é bonito de se admirar", afirmou o comerciante paraguaio Isidoro Borja, de férias no Brasil.
Para amenizar as consequências da catástrofe que se abateu sobre o Rio de Janeiro, o governo federal anunciou ontem a liberação imediata de R$ 200 milhões para que sejam aplicados em investimentos nos municípios mais prejudicados pelas chuvas torrenciais.
O governador Sérgio Cabral (PMDB), observou que do total repassado, R$ 90 milhões serão destinados à capital fluminense e os outros R$ 110 milhões para outras cidades, principalmente Niterói - que teve o maior número de mortos - e também São Gonçalo, na região Metropolitana. O governo federal também anunciou o envio de 50 novas ambulâncias para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e kits de emergência com colchões, lençóis, filtros de água e cestas básicas, com capacidade para atender até 75 mil desabrigados.
(Correio do Povo, 09/04/2010)