Dezenas de famílias foram soterradas ontem à noite em morro de Niterói

Um novo deslizamento agravou ontem à noite o drama em Niterói, a cidade mais castigada pelas chuvas que caem sobre o Estado do Rio desde a noite de segunda-feira. Informações preliminares do Corpo de Bombeiros indicavam que entre 20 e 60 casas foram atingidas. Até a 1h de hoje duas mortes haviam sido confirmadas pela prefeitura, elevando para 81 o número de vítimas no município.

Odeslizamento ocorreu no Morro do Bumba, localizado no bairro do Cubango, na zona norte do município. O coronel Alves Souza, que comanda as operações de resgate em Niterói, disse ao site G1 que em pelo menos 30 casas havia pessoas soterradas. O prognóstico inicial era de que 60 vítimas ficaram debaixo da terra. Até a 1h, 24 pessoas haviam sido retiradas com vida, de acordo com os bombeiros. Entre elas, oito crianças resgatadas pelos próprios moradores. Elas estariam em uma creche, onde também trabalhariam as duas mulheres mortas.

Para evitar riscos de explosões e incêndios, o fornecimento de energia foi cortado na região. Ouvida pelo jornal O Globo, a testemunha Mariana Hansen afirmou que o deslizamento aconteceu no início da Rua Aureliano Cardoso, às 21h30min. Num cenário de caos, moradores desesperados gritavam e cavavam a terra para socorrer as vítimas.

– Uma parte do morro desceu. Acabaram de tirar uma senhora idosa dos escombros, ainda com vida. Um casal e duas crianças também foram levados. A situação foi de desespero, muita gente correu para a rua gritando. Como houve demora na chegada das equipes de resgate, os próprios moradores começaram a escavar os escombros – contou.

Mais de cem pessoas trabalhavam no local para socorrer as vítimas. A cidade, segundo o secretário de Serviços Públicos, José Mocarzel, é suscetível a deslizamentos porque há grande ocupação irregular do solo. O resgate ameaçava se complicar na madrugada, porque a chuva retomou pouco depois da meia-noite.

– Niterói está dentro da região metropolitana, que tem adensamento grande de pessoas que não têm habitação. Foram ocupando irregularmente, mas isso tem que acabar. O trabalhador tem que ter a habitação dele – disse Mocarzel ao canal de notícias Globo News.

Em todo o Estado, a chuva já provocou pelo menos 147 mortes desde segunda-feira, de acordo com contagem da Coordenadoria de Operações do Corpo de Bombeiros do Rio.

(Zero Hora, 08/04/2010)