Mais 114 unidades para tratar gases nocivos serão distribuídas. Equipamento permite a filtragem do fluido, separando o material nocivo e purificando o gás, que volta a ser limpo.
O setor de projetos do Protocolo de Montreal, impulsionado pelo PNUD, vai instalar no Brasil mais 114 unidades de reciclagem de gases prejudiciais à camada de ozônio, ou com potencial de aquecimento global, em empresas que fabricam geladeiras e equipamentos de ar condicionado que utilizam gases nocivos como o CFC e o HCFC em seu funcionamento.
O assessor técnico do Protocolo de Montreal no PNUD, Anderson Moreira do Vale Alves, explica que as unidades de reciclagem são centros de regeneração que recebem os gases contaminados e os tratam para que eles possam voltar ao mercado. Elas são capazes de reciclar o CFC-12 (nocivo à camada de ozônio e usado em refrigeradores domésticos e comerciais de pequeno porte), e os gases estufa HCFC-22 (usado em aparelhos de ar condicionado) e HFC-134a (usado em refrigeradores domésticos).
“Esse equipamento permite a filtragem do fluido, separando o material nocivo e purificando o gás, que volta a ser limpo. Isso possibilita seu uso com segurança e o mesmo desempenho. Os gases reciclados continuam com potencial de destruição do ozônio ou de aquecimento global, mas terão um círculo de vida maior em uma estratégia de contenção, para evitar que os gases sejam liberados na atmosfera”, explica Alves.
O foco dos centros de regeneração de gases são os equipamentos de refrigeração mais antigos, que contém CFC. Mas Alves explica que, mesmo os mais modernos, contêm gases nocivos ao meio ambiente, como o estufa HCFC. Por isso, as unidades foram pensadas para ter uma vida útil de 40 anos, e reciclam outros gases além do CFC.
“Todos os gases de refrigeração hoje são estufa ou agridem a camada de ozônio. Só os equipamentos com hidrocarbonetos são inofensivos, mas aparelhos assim ainda são poucos. Reciclar os gases sai mais barato que comprar um gás novo. Queremos dar viabilidade econômica ao processo de eliminação do consumo de gases nocivos”, acrescenta.
As 114 novas unidades de reciclagem serão distribuídas em 96 municípios de cinco estados, de acordo com o consumo de gás em cada cidade - regiões industriais, por exemplo, têm uma maior demanda por reciclagem - e a distância que possuem dos centros de regeneração já existentes.
Alves diz que um dos critérios é estar a mais de 70 quilômetros de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Porto Alegre, Brasília, Curitiba, Fortaleza ou Joinville, cidades que já contêm os equipamentos. Ainda de acordo com o assessor técnico, a demanda por reciclagem vem crescendo. “Antes não havia conhecimento sobre reciclagem ou a necessidade de reciclar, pois não eram conhecidos os efeitos nocivos desses gases. Mas depois que houve identificação dos danos causados ao meio ambiente e a Resolução do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) nº 267, de 2000, que determinou que todo gás deve ser recolhido e tratado durante a utilização, surgiu essa necessidade.”
As empresas do setor de refrigeração que se interessarem em receber e operar uma unidade de reciclagem têm até 5 de abril para manifestar interesse, enviando sua candidatura à Unidade de Projetos do Protocolo de Montreal. Todas as postulantes deverão atender aos critérios de elegibilidade estabelecidos pela Portaria nº 462 do Ministério do Meio Ambiente, de 23 de dezembro de 2009.
Alves acrescenta que os equipamentos serão direcionados por ordem de chegada, conforme as empresas forem se candidatando. Essa é a última etapa na expansão da reciclagem de gases, e não serão distribuídos novos equipamentos. No site do Protocolo de Montreal está disponível a relação completa de cidades que receberão unidades de reciclagem, a quantidade de máquinas e empresas por município e também os critérios de candidatura para as companhias.
(PNUD/EcoAgência, 07/04/2010)