Mais de 3 bilhões de pessoas vivem em cidades e, até 2030, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 60% da população do planeta será urbana. O aumento da concentração populacional tem demandado dos governos investimentos em saneamento básico, abastecimento de água potável e serviços de saúde. No entanto, a resposta em termos de atendimento à população não acompanha o ritmo do crescimento demográfico. Propor uma reflexão sobre os efeitos do urbanismo sobre a saúde coletiva é o objetivo do Dia Mundial da Saúde 2010, com o tema "1.000 cidades, 1.000 vidas".
A data, celebrada hoje em comemoração à fundação da OMS (em 1948), será marcada por eventos em que as cidades vão abrir espaços públicos à saúde, quer seja com atividades em parques, campanhas de limpeza ou fechamento de ruas para carros; além da divulgação de histórias de vida de pessoas que tomaram medidas de impacto positivo na saúde em suas cidades.
Um dos alertas do descompasso entre o crescimento populacional e a oferta de serviços de saúde foi o surgimento da primeira pandemia em 41 anos: a gripe A. Este nível é acionado pela OMS após análise de alguns critérios, como transmissão intercomunitária do vírus e a extensão geográfica dos novos casos. A doença respiratória causada pelo vírus Influenza A (H1N1), é transmitida de pessoa para pessoa, com sintomas semelhantes aos da gripe comum. Desde o surgimento do vírus em abril de 2009, no México, até 5 de março deste ano, a OMS assegura que 213 países tiveram casos confirmados, o que resultou nas mortes de 16.455 pessoas. Desse total, 2.051 ocorreram no Brasil, onde 42.989 casos graves do H1N1 foram notificados ao Ministério da Saúde entre 25 de abril a 31 de dezembro de 2009. Somente nos três primeiros meses de 2010, 45 pessoas morreram por causa da doença no país. O Pará registra o maior número de mortos (22), seguido do Paraná (7), Amazonas (5), Ceará (4) e Maranhão (3). Do total, 16 eram gestantes.
O diretor do Centro Estadual de Vigilância Sanitária em Saúde, Francisco Paz, afirma que o Rio Grande do Sul não registrou nenhum caso de gripe A este ano. Em 2009, o RS registrou a primeira morte do país e foi um dos estados com maior número de vítimas (3.540 casos confirmados e 272 mortes).
Para evitar que a segunda onda da gripe A seja tão impactante quanto a primeira, o Ministério da Saúde investiu R$ 1,23 bilhão dos R$ 66,9 bilhões do orçamento da Pasta na aquisição de 133 milhões de doses da vacina. Segundo o ministro José Gomes Temporão, a meta da campanha é vacinar pelo menos 80% dos 110 milhões de pessoas enquadrados no grupo de risco da doença. Até maio, serão investidos R$ 270 milhões em equipamentos para fortalecer a rede de leitos de UTIs. Faz parte da estratégia nacional para combater a primeira pandemia do século reforço na atenção básica, assistência ambulatorial e hospitalar.
(Correio do Povo, 07/04/2010)