Estimativas apontam que uma família de quatro pessoas consome 300 recipientes por mês
Um produto que é utilizado normalmente por 20 minutos e que demora milhares de anos para se decompor vem ganhando a atenção de quem defende o meio ambiente. Reduzir o consumo de sacolas plásticas, principalmente em supermercados, tem sido uma das metas em busca da preservação ambiental.
Estimativas apontam que uma família de quatro pessoas consome 300 sacolas por mês para carregar compras. Considerando que até 50 sejam utilizadas para depositar lixo, sobram três mil por ano sem um destino adequado e que podem acabar poluindo ruas, praças e mananciais hídricos.
Pensando em diminuir o uso deste material plástico, parlamentares e representantes de diversas entidades estiveram reunidos ontem na Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal da Capital.
"Porto Alegre gasta R$ 12 milhões por ano para despejar resíduos em aterros sanitários. É um custo alto que podemos reduzir com ações de combate ao desperdício", destaca o vereador Beto Moesch (PP), que propôs a reunião.
A intenção dos parlamentares é buscar um consenso em torno de uma nova legislação disciplinando o uso de sacolas plásticas em estabelecimentos comerciais. A Câmara conta com, ao menos, três projetos de lei neste sentido. Um deles, do vereador Bernardino Vendruscolo (PMDB), determina a utilização de materiais reciclados na produção das sacolas.
Já o colega Carlos Todeschini (PT) sugere que cada produto traga impresso frases de conscientização nas cores verde e laranja. "Poderemos reaproveitar as sacolas de cor laranja para depositar o lixo orgânico e nas verdes, o seco", complementa.
A proposta é vista com bons olhos por entidades como a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e o Sindicato das Indústrias de Material Plástico (Sinplast-RS). O coordenador da Gerência Técnica da Fiergs, Paulo Dias, acrescenta que é possível diminuir o consumo de sacolas plásticas através da padronização - as normas da ABNT determinam que cada unidade possa transportar até sete quilos.
"Atualmente, vários estabelecimentos oferecem produtos muito frágeis. Apenas com a exigência da padronização já seria possível reduzir em 30% a oferta, pois não vamos precisar colocar duas ou três sacolas para carregar a mesma quantidade de produtos", comenta. Valter Almeida garante que a Companhia Zaffari já conseguiu reduzir em 26%, tomando este tipo de medida. "A única solução que vejo é incentivar o uso consciente", afirma.
A Cosmam decidiu realizar uma nova reunião sobre o tema. No entanto, os parlamentares pretendem encaminhar algumas medidas. "Precisamos ter verbas no orçamento municipal para ações de educação ambiental na mídia impressa e em rádio e tevê. Além disso, é preciso fazer valer a lei estadual que concede incentivos para indústrias que utilizam materiais recicláveis. Ela foi aprovada em 1993 e até agora não foi implementada", ressalta o vereador Moesch.
(Por Maurício Macedo, Correio do Povo, 07/04/2010)