Sete anos após a construção do Terminal de Navios e Barcaças de Caravelas, da ex-Aracruz Celulose (atual Fibria), os alertas dos ambientalistas sobre os riscos ambientais estão mais atuais do que nunca. O que se vê na região são relatos e denúncias sobre o atropelamento de baleias, comuns aos ouvidos de quem trabalha no litoral norte do Estado e sul da Bahia. Segundo os relatos, as baleias que não morrem imediatamente ficam desorientadas e feridas.
A rota de navegação das barcaças atravessa a área de incidência de baleias Jubarte, onde há também a incidência de baleias Francas. As Jubarte, por exemplo, saem do sul do País rumo ao Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, no litoral baiano, para terem seus filhotes. Ao atravessarem o trecho entre o litoral capixaba e o baiano, sofrem os atropelamentos.
Além das colisões com grupos de mães e filhotes que já foram vistos próximo à costa em busca de abrigo, as barcaças prejudicam os manguezais e recifes de corais da região, prejudicando toda a fauna que estes ecossistemas sustentam.
Só para a construção do terminal, a ex-Aracruz Celulose (Fibria) dragou um trecho com mais de um quilômetro de extensão próximo ao Canal do Tomba – área de passagem natural que existe no mangue entre o rio Caravelas e o oceano. E toda esta intervenção no meio ambiente exige, desde 2003, manutenção a cada dois anos, alterando o manguezal.
Com tanto impacto na região, a preocupação dos ambientalistas diz respeito à reprodução das baleias Jubarte. Estas baleias são vistas de julho a novembro na região e eles temem que o barulho das embarcações prejudique o canto do macho, que faz parte do ritual de acasalamento da espécie. Os botos, apesar de mais espertos, também são vítimas das barcaças que são carregadas diariamente com eucaliptos para serem levados a fábrica da Fibria, em Aracruz, no norte do Espírito Santo.
(Por Flavia Bernardes, Século Diário, 06/04/2010)